Foi um empate com sabor de vitória para a ex-prefeita Nice Mistilides. Com cinco votos a favor e cinco votos contrários, a Câmara de Jales aprovou, em sessão realizada na segunda-feira, 1, o parecer prévio do Tribunal de Contas que era favorável à aprovação das contas da Prefeitura Municipal de Jales, relativas ao exercício de 2013, primeiro ano da administração Nice. Para rejeitar o parecer prévio, seriam necessários sete votos contrários. Votaram contra o parecer os vereadores Luís Rosalino(PT), Pérola Cardoso(PT), Jesus Martins Batista(DEM), Tiago Abra(PP) e Júnior Rodrigues(PSB). Os votos favoráveis foram dos vereadores Sérgio Nishimoto(PTB), Fagner Pelarini(PRB), Nivaldo Batista de Oliveira(PSD), Gilberto Alexandre de Moraes(DEM) e Claudir Aranda(PDT).
A sessão durou exatas três horas e vinte minutos e a maior parte desse tempo foi ocupada com a leitura da defesa da ex-prefeita Nice, com 30 páginas. A ex-prefeita, que havia entregado sua defesa escrita no período da tarde, acompanhou pessoalmente a sessão, ao lado de sua nora, Angélica Boletta e do advoga nomeado pela OAB de Jales. O vereador Gilbertão – um dos que votaram a favor de Nice – foi o primeiro a ocupar a tribuna, logo após a leitura da defesa da ex-prefeita. Gilbertão – que votou favorável ao parecer do TC que reprovava as contas do ex-prefeito Parini – disse que, apesar dos erros da prefeita, investigados pela Câmara, ele manteria a coerência votando a favor do parecer. “Esse parecer foi preparado por técnicos, por pessoas bem preparadas, portanto, eu, que sou leigo, não vou ser contra”, explicou Gilbertão.
Os vereadores Rosalino e Tiago Abra, que votaram contra o parecer, também ocuparam a tribuna para justificar seus votos. Rosalino lembrou que o Tribunal de Contas é apenas um órgão auxiliar da Câmara, mas que a palavra final é dos vereadores. Ele citou as várias irregularidades cometidas pela administração Nice e investigadas pela Câmara, que instalou, em 2013, três ou quatro CEI’s para apurar denúncias contra a ex-prefeita. Da mesma forma, o vereador Tiago Abra também argumentou as investigações da Câmara – que resultaram na cassação de Nice – para justificar seu voto contrário à aprovação das contas.
Abra citou matérias do jornal A Tribuna sobre as ações iniciadas pelo Ministério Público que resultaram no bloqueio de bens da ex-prefeita e de outros membros de sua administração. Curiosamente, apesar de a auditoria do Tribunal de Contas ter apontado pelo menos 41 irregularidades – rebatidas uma a uma pela defesa da ex-prefeita – nenhuma delas se referia à Facip, Expô Show, Uniformes Escolares ou ao Lixo, assuntos que foram alvo de investigações da Câmara e que redundaram em ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público na Justiça local.
Ao final da sessão, a ex-prefeita Nice Mistilides deu entrevista onde disse, entre outras coisas, que o parecer do Tribunal de Contas é uma demonstração de que sua administração foi correta no trato com o dinheiro público. Ela não descartou uma possível candidatura em 2016. “O nosso partido – o PTB – continua sendo o maior de Jales e, se houver apoio…”.
