Neste domingo dia 31 de janeiro de 2016, a Diocese de Jales acolhe seu quarto Bispo Diocesano, na pessoa de Dom José Reginaldo Andrietta. O momento é propício para um olhar retrospectivo sobre a história da Diocese, desde o seu primeiro Bispo, Dom Arthur Horsthuis, vindo em seguida Dom Luiz Eugênio Perez, e passando pelo longo período de Dom Luiz Demétrio Valentini, até a posse do quarto Bispo Dom José Reginaldo Andrietta.
Sabemos que as narrativas históricas dependem bastante da referência que se toma para relatar os fatos. Em se tratando da história de uma Diocese, também haveria constatações importantes a fazer, a partir de diversos personagens ou acontecimentos significativos que tiveram influências na história da Diocese. Mas não restam dúvidas de que, tomando os bispos como referência, temos um quadro histórico bem definido e preciso. Por conseguinte, a posse de um novo bispo nos proporciona uma boa oportunidade para fazer uma leitura adequada e pertinente dos fatos mais significativos que conformam a trajetória histórica da Diocese.
O primeiro bispo, Dom Arthur, era um padre holandês, da congregação dos Assuncionistas. Sua escolha significou o reconhecimento do trabalho pastoral realizado por esta Congregação no território que iria constituir a nova Diocese de Jales. Foi a Congregação dos Assuncionistas que avalizou a criação da Diocese. Tanto que era intenção da Nunciatura que a Diocese ficaria aos seus cuidados, “pelo menos por 50 anos”, como afirmou o Núncio Dom Armando Lombardi, na audiência concedida a Dom Arthur.
Coube a Dom Arthur comprovar que a aposta no futuro, como tinha sido a criação de uma diocese sem a mínima estrutura organizativa, tinha sido válida, e era possível levá-la em frente, contando com a pronta adesão das comunidades, que iam surgindo com a chegada das levas de migrantes que procediam de diversas partes do país em busca das terras férteis e baratas da região. E contando também com a permanência da Congregação dos Assuncionistas, que se supunha estável e garantida.
Mas já nos primeiros anos do seu ministério episcopal, Dom Arthur experimentou as dificuldades provenientes da crescente escassez do clero assuncionista, e o início do forte êxodo rural rumo aos grandes centros urbanos do Estado, que estancou o crescimento populacional das comunidades rurais, que eram características nesta região.
Este contexto problemático se acentuou com a doença de Dom Arthur, que o levou a renunciar em 1968, quando em seguida a Diocese foi administrada por um ano e meio pelo Bispo Auxiliar de Ribeirão Preto, Dom Miele.
A nomeação do segundo Bispo, Dom Luiz Eugênio Perez, brasileiro, proveniente do clero diocesano de Ribeirão Preto, significou a consciência de que era necessário dar à Diocese uma feição mais identificada com a realidade brasileira, e mais assumida pelos próprios leigos, com a animação de um clero diocesano.
Esta opção, válida e certeira, precisou enfrentar a carência de padres diocesanos, e vivenciar as tensões provenientes da incipiente implantação da renovação eclesial, proposta com generosidade pelo Concílio, mas que ainda não dispunha de condições favoráveis para ser efetivada. A valorização dos movimentos leigos foi a estratégia adotada para suprir a evidente escassez de clero.
Dom Perez ficou dez anos à frente da Diocese, quando foi transferido para a diocese de Jaboticabal. A diocese então ficou vacante, por um ano inteiro, fato que traduzia a dificuldade de levar em frente a Diocese, nas condições em que se encontrava.
Foi então que aconteceu a inesperada nomeação de um padre diocesano, jovem, proveniente do Rio Grande do Sul, para ser o Bispo de Jales. Sua inarredável opção de priorizar a consolidação da estrutura administrativa e pastoral da Diocese, implicou na sua permanência de mais de trinta anos, garantindo a implementação progressiva dum projeto consistente de diocese que pudesse contar com a solidez das comunidades, e com a atuação de um clero diocesano em número satisfatório.
No início do quarto mandato episcopal, a Diocese de Jales pode contar com a consolidação de uma caminhada eclesial, que viabilize, tranquilamente, sua continuidade.
É a herança que Dom Reginaldo recebe, com a incumbência de levá-la em frente.