Terça-feira, Novembro 26, 2024

Papai Noel

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Todo escritor, artista, filósofo, músico ou ser humano que se preze já escreveu cartas a alguém. Woody Allen escreveu para Platão; Rilke, a um jovem poeta; Kafka, ao pai dele; Pero Vaz de Caminha, ao Rei D. Manuel; Van Gogh, a Théo; Mário de Andrade, a Câmara Cascudo; Mariana Alcoforado, ao léu; Scott, Zelda Fitzgerald, um ao outro; Michel Temer escreveu para a presidente Dilma, e eu, ao Papai Noel…                                

Em todo Natal faço um “revival” dos Natais passados e com muita saudade vem à lembrança, ainda muito presente em minha memória, o quanto era bela a nossa vida de criança. Na nossa concepção infantil, Natal era uma festa muito bonita em que o Papai Noel descia do céu trazendo uma infinidade de presentes para todas as crianças do mundo, fossem elas ricas ou pobres. Era uma magia só!

A gente aguardava avidamente a chegada dessa solenidade e, com ingenuidade e alegria, escrevíamos as cartinhas para o Papai Noel, pedindo os brinquedos que desejávamos ganhar. Nós colocávamos os sapatinhos e meias aos pés da cama ou na janela e era grande a nossa felicidade ao despertar na manhã de Natal e vê-los cheios de presentes e balas. Era uma festa.

Lembro-me de que, há muitos anos, escrevi uma carta ao Papai Noel pedindo uma bicicleta. E ganhei.  Hoje, não pediria bicicleta… Pediria ao prefeito que tapasse todos os buracos das ruas de minha cidade. Esse é o pedido que faria neste Natal para Jales: “que, no dia 25 de dezembro, nossa população acordasse com o prefeito disposto e com iniciativa para fazer essa empreitada”.

Mas, diria ao Bom Velhinho: – cuidado, Papai Noel, ao chegar a Jales: o trânsito é uma droga, porque para atravessar a rua de um lado para o outro o povo usa carro.

Nossas ruas estão uma calamidade com tantos buracos e lixo. Estacionar no centro é um inferno, não existem vagas. Não respeitam nem as vagas dos deficientes e ninguém fiscaliza. A saúde é uma tristeza. Empregos? Só nas cidades vizinhas. E a habitação! Meu Deus, CALAMIDADE. 

Outra coisa que pediria ao Papai Noel era que nossa cidade tivesse um Natal mais digno, mais justo e mais estruturado. É a única coisa que, não só eu, mas toda população quer por aqui. Mas, infelizmente é só abrir os jornais e ler, ler e ler, que, ao invés de estar montando minha árvore de natal, estou aqui escrevendo este artigo. Os jalesenses não merecem mais isso, não merecem mais vivenciar essa ESTAGNAÇÃO.

Eu sei que o conhecimento não chega de repente, precisa de anos para se formar, por isso, desejo para minha cidade muitas escolas bonitas, com espaço suficiente para todos os alunos, todas com os equipamentos necessários, laboratórios, computadores, televisões, antenas parabólicas, quadras esportivas, bibliotecas, teatros e cinemas, desejo que nenhuma criança saia da escola antes de completar o ensino médio e que sejam alfabetizados os  adultos que ainda não sabem ler.

Mas sei que não é possível receber de presente o conhecimento coletivo – nem escolas com seus equipamentos e professores. O investimento educacional só pode ser feito pelo próprio povo e por seus líderes. Por isso, neste Natal, gostaria de pedir também uma nova geração de líderes, como o melhor presente para Jales. Líderes que tenham o compromisso de transformar Jales. Mas isso tampouco vai nos chegar sob a forma de presente. Não há presentes na política.

Mas os líderes são eleitos pelo povo. Portanto, desejo que cada jalesense seja o Papai Noel elegendo, no ano de 2016, os líderes de que precisamos para fazer a revolução que nossa querida Jales precisa. Sobretudo, desejo que, graças ao voto, nossa cidade se transforme e não seja mais preciso eu pedir ao Bom Velhinho políticos que realmente honrem seus mandatos. Pois é Papai Noel, viu como as coisas não vão nada bem aqui? É por isso que lhe escrevo. Quero sua ajuda. E não é financeiro, afinal, como o senhor já deve ter notado, nosso problema é outro! O chefe atual do executivo pegou um enorme abacaxi nas mãos. Se for muito difícil arrumar políticos com estas características, peço que – pelo menos – o senhor faça com que os nossos aqui de Jales tenham um pouco mais de vergonha na cara e compromisso com a cidade. Seria, sem dúvida, um presentão de Natal para este quem vos escreve e também para a maioria da nossa população, que é trabalhadora e sonha viver num município melhor.  Que venha 2016. Que venha mais ousadia de todos os governos e partidos. Que venham mobilizações em favor dos mais pobres e com os mais pobres nas ruas, com suas organizações sociais, populares e seus partidos – até para que os partidos possam abrir menos a boca e mais os ouvidos. Que os brasileiros mostrem que a voz das ruas não é aquela fabricada pelas manchetes das corporações midiáticas. Que a opinião pública mostre, ao vivo e em cores, que a sua verdadeira opinião é normalmente o avesso da opinião publicada. Que venham surpresas, pois são delas que surgem as mudanças.

Feliz Natal.

 

 

 

 

 

 

 

(*)Marco Antonio Poletto é Gestor no Poder Judiciário, Historiador, Articulista e Animador Cultural

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