Os moradores das ruas Nossa Senhora Aparecida e Joaquim Catarino, na vila Nossa Senhora Aparecida, estão apavorados com a chegada da temporada de chuvas. E com razão. É que as casas da região estão recebendo toda a enxurrada que é desviada de um loteamento irregular construído ao lado do bairro.
O problema existe desde 2012, mas se agravou depois que um morador da Rua Apolônia, conhecido na vizinhança como “Pelé”, decidiu, por conta própria e sem autorização oficial, erguer uma espécie de desvio de concreto para evitar que a água chegasse até a sua casa, que fica em nível abaixo das ruas vizinhas. De acordo com a prefeitura, o loteamento onde fica a Rua Apolônia é irregular e o desvio também.
Em janeiro de 2013, logo depois do primeiro alagamento causado pelo desvio clandestino, um grupo de moradores foi até a delegacia e registrou um Boletim de Ocorrência, onde afirmavam que já havia procurado a prefeitura, que, por sua vez, não tomou qualquer providência. No documento assinado pelo delegado Elton José Honorato, eles foram orientados a comunicar formalmente a prefeitura e procurar a justiça para pleitear uma indenização. Assim foi feito. Dois dias depois, um dos moradores lesados protocolou pedido de providências, mas foi novamente ignorado pela administração municipal. Ele explicou que era o segundo pedido feito oficialmente. O primeiro tinha sido registrado na prefeitura em dezembro de 2012. “Depois que um carro encheu de água até a altura do banco, protocolamos novamente o problema para a prefeitura e levamos o mesmo na secretaria de obras, mas nada aconteceu”.
Diante da omissão da prefeitura e cansado de tanto limpar lama, o morador que teve o carro danificado, resolveu usar o seu caminhão para quebrar o bloqueio de cimento que fechava a rua e desviava a água para as casas. A atitude revoltou o morador que fez o bloqueio clandestino e houve uma grande discussão entre vizinhos, que quase acabou em agressão física. Mas a rua permaneceu desbloqueada desde então e o conflito ficou adormecido.
Porém, com a volta do período chuvoso, em outubro, o morador conhecido como “Pelé” voltou a fechar a rua. Dessa vez, contudo, reforçou a sua “construção” clandestina com vergalhões para evitar que os vizinhos a destruíssem.
“A água está entrando com toda força na minha casa. Ele quer proteger a casa dele, mas fez um desvio irregular, fechou a rua e está prejudicando todos os outros moradores. Já faz 2 anos que isso vem se arrastando e estamos querendo uma solução da prefeitura”, apela uma das moradoras vítimas do vizinho.
Ela sugere que sejam construídas “bocas-de-lobo” para escoar a água e proteger a todos. Segundo ela, a Rua Nossa Senhora Aparecida, a principal atingida, recebe toda a água que desce do Jardim Paraíso e a via não possui um bueiro sequer. “Nossa, é muita água, só vendo para se ter idéia do volume. Todos nós estamos com medo do que pode acontecer se vier uma chuva forte”.
A reportagem procurou o chefe de gabinete do prefeito, que prometeu ir ao local junto com o secretário de Obras e Serviços Municipais, Manoel de Aro, para tentar resolver o problema. A visita aconteceu na manhã de sexta-feira, 20, e os assessores prometeram retirar o obstáculo.