Números do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Associação Comercial e Industrial de Jales (ACIJ) comprovam que a crise econômica é real e concreta. De acordo com levantamento feito pelo órgão e obtido pelo jornal A Tribuna, as vendas no comércio caíram significativamente nos últimos três anos. Por outro lado, a inadimplência explodiu no mesmo comparativo. Os dados se referem ao período de 1º de janeiro a 31 de agosto.
Em 2013 houve 56.538 consultas ao serviço, caindo para 54.022 em 2014 e para 53.691 consultas neste ano. A queda em três anos é de 2.847 ou 5,03%.
As consultas ao serviço de crédito são consideradas pela associação como a forma mais eficiente e rápida de se avaliar o movimento do comércio, já que elas só são feitas no momento de finalização da compra. De acordo com a entidade, o comerciante só consulta o SCPC ou o Use-cheque quando o cliente já escolheu a mercadoria, vai ao caixa e informa que quer pagar com algum tipo de prazo, com exceção do cartão de crédito. É o momento exato da venda.
Apesar da queda nas vendas, o dado mais grave do levantamento da Acij se refere ao número de consumidores jalesenses que estão com restrição de crédito na praça. A proporção é de quase 30% e vem aumentando. Somente neste ano, 3.240 consumidores já foram incluídos na lista negra dos maus pagadores. Esse número é 31,8% maior que os 2.457 dos oito primeiros meses de 2014, mas menor que os 2.878 do mesmo período de 2013. A diferença, contudo, é que o volume de vendas foi maior nos períodos comparados.
Além disso, o relatório mostra que o percentual grande de possíveis consumidores que não conseguem concretizar suas compras por conta do nome sujo, é o maior dos últimos três aos.
Em 2013, mesmo com as vendas em alta, 15.587 pessoas tiveram suas compras recusadas por conta desse problema. Em 2014 foram 15.356 e neste ano já são 16.082. Proporcionalmente, isso significa que há dois anos, 27,5% dos pretensos compradores estavam na lista negra. No ano passado já eram 28,45% e neste ano subiu ainda mais, para 29,95%.
Avaliação da Acij afirma que o crescimento do comércio significa sintoma claro de crescimento do restante da economia, já que esse é exatamente o setor que recebe todo o resultado da produção industrial ou agrícola. Enquanto outros setores dependem de reações mais demoradas, o comércio é a primeira etapa da cadeia produtiva. Quando o comércio cresce, leva junto a indústria e a agricultura, que precisam atender a demanda dos consumidores. O caminho inverso também acontece. Quando as vendas caem, a indústria e a agricultura desaceleram a atividade, gerando desemprego, queda de arrecadação e do PIB.