Segunda-feira, Novembro 25, 2024

Boas intenções

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É comum constatar que uma “boa intenção” pode justificar até uma ação má. Se nos faltam critérios para o discernimento, diante da urgência de tomarmos uma decisão, a “boa intenção” serve às vezes de justificativa, ao menos até constatar um possível equívoco de nosso julgamento anterior. 

Neste final de semana temos uma boa oportunidade para conferir quais são nossas “intenções”. Pois na verdade, descobrir, e colocar às claras as intenções que nos movem, pode ser um exercício salutar de discernimento ético.

Na Diocese, temos um evento que nos parece carregado de evidentes boas intenções. Fazemos nossa tradicional romaria, em atitude de caminhada penitencial, preparada com antecedência, refletida em comum, nos dispondo a reassumir nossa identidade cristã e eclesial, e colocando-nos diante da missão que nos interpela e nos leva a buscar a graça de Deus para estarmos em sintonia com seus planos, com suas “intenções”.

De fato, neste ano a romaria nos traz presente muitas intenções, que nos fazem refletir, e nos levam a pedir a bênção de Deus. 

É o “Ano da paz”, instituído pela CNBB, em vista da violência, que não para de crescer.

É o “Ano da Vida Consagrada”, proposto pelo Papa Francisco, para incentivar as pessoas que sentem o chamado especial de dedicar por inteiro sua vida à caridade fraterna.

É ano de “Assembléia Diocesana”, para integrar em nosso plano de pastoral as recomendações da Igreja.   

Continua sendo “ano da Família”, com mais uma sessão do Sínodo que volta, no mês de outubro, a abordar este assunto tão importante para a sociedade.

Quantas “boas intenções” motivam este momento especial da Diocese!  

Mas enquanto fazemos nossa romaria, motivados por tantas intenções, não podemos ignorar que a crise política continua fermentando, com ameaças de transbordamentos perigosos. 

Não resta dúvida que na realidade política, na esfera pública em geral, também é necessário conferir quais são as intenções que movem os seus protagonistas. 

A pergunta pode ser incômoda. Mas é indispensável. Para avaliar o cenário político, é preciso identificar, e colocar às claras, as intenções que movem os seus atores. 

Muitas vezes estas intenções políticas se revestem de aparências enganosas. Parecem manifestar um grande interesse pelo bem comum, quando na verdade, escondem a busca de vantagens pessoais. 

 Não é difícil constatar que está em jogo uma ação orquestrada para desestabilizar o poder constituído.  É forçoso fazer a pergunta: qual a intenção de quem quer, com tanta insistência, desestabilizar o governo? Será que a intenção verdadeira é o bem da nação, ou é o interesse pessoal de busca do poder?

Em princípio, é legítimo buscar o poder político. Contanto que se proceda de maneira ética, respeitando os preceitos constitucionais. São legítimas manifestações políticas, contanto que respeitem a ordem estabelecida. 

Também é legítimo fazer demonstrações públicas de ordem religiosa. Contanto que sejam feitas no respeito a outras convicções religiosas.

Podemos identificar na convergência de intenções, a legitimidade, ou não, das manifestações deste domingo. Seja através de pacífica e ordeira “procissão”, como a romaria, seja através de “manifestação” que a cidadania achar por bem realizar. 

Em ambos os casos, a intenção qualifica a ação. 

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