Não é de hoje que o Brasil inteiro enfrenta uma grave crise político-econômica que respingou e atinge o bolso da população que está consumindo cada vez menos, principalmente itens considerados dispensáveis no dia-a-dia. E as dificuldades e adversidades atingem pobres e ricos, patrões e empregados e aqueles que perderam seus postos de trabalho. Muita gente reclama da tal crise que parece afetar também os jalesenses.
A recessão, inflação e desemprego afetaram setores como o lazer e entretenimento, turismo, alimentação, vestuário, higiene e limpeza, entre outros. Na última semana, a equipe de reportagem do jornal A Tribuna foi às ruas e conversou com comerciantes e empresários sobre o assunto.
Um dos setores que mais sofrem com a crise é o turismo. Segundo Ana Campos, proprietária da agência CVC de Jales, quando a crise chega uma das primeiras coisas que as pessoas deixam de fazer é viajar. “Cairam bastante as nossas vendas. As pessoas e as famílias ficam com medo e decidem reduzir gastos com lazer e viagens. Quando fecham pacotes, preferem os nacionais em função da alta do dólar e ainda parcelam a longo prazo. Eles dizem que é melhor optar pelo parcelamento a desembolsar a quantia de uma única vez. Os roteiros para o Nordeste tem sido os mais procurados e, infelizmente, os jalesenses tem evitado sair do país rumo aos Estados Unidos, Europa e até Argentina e Chile que tinham grande procura. Acredito que o segundo semestre deve apresentar melhoras em função dos pacotes de viagens de final de ano”, revelou.
Para João Vitor Casteleti Xavier, da Maroca For Men, loja especializada em roupas e acessórios de consagradas marcas, a crise também atinge seu comércio. “A crise é geral. Muitas pessoas estão reclamando da queda nas vendas e aqui também senti isso. As pessoas não estão gastando mais como vinham gastando, reduziram as compras e optam por peças mais baratas. Esse ano tive que promover diversas liquidações e promoções para atrair o cliente e vender mais, evitar que as consequências sejam piores. A esperança está no segundo semestre que tradicionalmente é muito bom para o setor de vestuário”, disse.
A crise parece não ter atingido tanto o setor de alimentação. Foi o que revelou Felipe Henrique dos Santos Bernardo, do Supermercado América, um dos mais antigos e tradicionais da cidade. “Acho que não sentimos tanto a crise que todos falam porque as pessoas não podem deixar de comer e beber. Produtos como arroz, feijão, carne, ovos e até os que não são de necessidades básicas nunca deixam de ser consumidos. As pessoas deixam de viajar, dedicam menos recursos para lazer e outras atividades, mas nunca deixam de se alimentar. O que poderá sofrer uma queda em nosso supermercado é a venda de artigos para presentes, como panelas, jogos de copos e taças, objetos de decoração, mas nem nesse setor sentimos o reflexo de crise ainda”, contou Felipe.
Já para o empresário e comerciante Elder Mansueli, dono de duas das mais movimentadas lojas da cidade, Augusta e Augusta Caps, a crise existe, mas não é uma novidade, já que o país passou por isso outras vezes. “A grande sacada é sempre se atualizar e reiventar para oferecer aquilo que o cliente precisa a preços atrativos. É fato que a crise está aí, mas eu, por exemplo, viajo toda semana a São Paulo para renovar meu estoque e oferecer produtos e acessórios diferenciados. Também tenho estratégias de marketing que se tornaram exemplo, como utilizar as redes sociais, principalmente o Facebook para interagir com meus clientes. Isso me dá um retorno inacreditável. Eu consigo enxergar oportunidades mesmo com a crise. Sempre que um artista está na cidade, procuro a produção, convido para conhecer a loja, recebo pessoalmente e, mais uma vez, uso o Facebook como aliado. Jales tem um dos mais fortes comércios da região e potencial para superar essa crise que é passageira”.
O presidente da ACIJ – Associação Comercial e Industrial de Jales, Carlos Roberto Altimari, o Carlinhos, concordou que a crise é um fato, mas disse que é possível driblar a situação. “A crise é realidade, mas não é somente Jales que ela atinge, mas todos os municípios brasileiros. Por isso, empresários e comerciantes devem ter cautela, assim como estão tendo os consumidores que estão mais retraídos. É uma crise que se arrasta desde o ano passado e não sabemos ainda o que vem pela frente, pode ser que se agrave, mas pode ser que ela acabe. Temos que encontrar medidas para chegar a um final do ano que seja positivo, não deixando que o negativismo e o pessimismo nos atinjam. Não estamos perdendo a batalha para a crise, estamos nos moldando e buscando alternativas. A ACIJ apoia e incentiva ações e atividades que busquem meios de sair dessa situação. Jales está viva”, frisou o empresário e presidente da instituição.