Terça-feira, Novembro 26, 2024

Imprevistos atrasam a chegada da Norte Sul à reta final

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As obras de construção da Ferrovia Norte Sul já se arrastam por cinco anos, três a mais que o previsto, mas parece estar chegando ao destino final: Estrela d’Oeste. Diversos imbróglios atrasaram os trabalhos que já consumiram R$ 870 mil a mais que os R$ 4,25 bilhões previstos inicialmente no orçamento.

Além de todos os contratempos que acabam atrasando grandes obras como esta, o governo federal, alegando a crise econômica que o país atravessa, atrasou por dois meses o repasse de recursos à empreiteira responsável pelo Lote 4, entre Ouro Verde de Goiás e Estrela d’Oeste, que uniria as vias férreas dos dois extremos do Brasil. 

Outro fator também acabou causando o atraso das obras: a construção de uma ponte sobre o Rio Grande, ligando Iturama (MG) e Ouroeste, destaque de uma matéria exclusiva publicada por A Tribuna no último domingo. Lá, cerca de cem operários trabalham a todo vapor para dar andamento na obra mais complexa do trecho. Embora a meta é de que a ponte seja concluída até o mês de junho de 2016, funcionários da empreiteira e a assessoria da Valec revelaram que o prazo deverá ser novamente prorrogado. Segundo a estatal, a revisão de datas deve ocorrer em função do congestionamento orçamentário.

Por exigência da Marinha do Brasil, o projeto da construção da ponte precisou ser alterado. O dispositivo que terá quase 500 metros de comprimento e 30 de altura, apresentou problemas técnicos na construção das vigas. A Marinha exige também que deixem 125 metros de comprimento no vão central da ponte e não os 80 metros previstos inicialmente.

“Para fazer essa alteração foram seis meses a mais no prazo”, disse um funcionário, que não quis se identificar, já que a Valec, estatal responsável pela ferrovia, proíbe seus servidores de dar entrevista sobre a obra e centraliza todas as informações em sua assessoria de imprensa em Brasília.

Equipes da empreiteira Tiisa trabalham em outras passagens de nível da ferrovia e no viaduto sobre a rodovia Euclides da Cunha, em Estrela. Também falta a instalação dos 20 quilômetros de trilhos no trecho final, já na região de Rio Preto. Outra obra inacabada é a ponte sobre o Rio Arantes, no Triângulo Mineiro. “Tudo isso colaborou para o atraso da obra, mas estamos correndo contra o tempo para que tudo possa ser concluído e essa ferrovia cumpra a promessa de trazer desenvolvimento para essa região”, relatou um funcionário que trabalha nas obras da Norte Sul. (Fonte: DiárioWeb).

Polêmica

A qualidade dos trilhos utilizados na ferrovia também se tornou polêmica. Em 2013, um relatório do Ministério dos Transportes apontou que parte do material adquirido pelas empreiteiras era de baixa qualidade, o que poderia comprometer a segurança da via e a quantidade de carga a ser transportada. Técnicos disseram que o material importado da China tinha baixa dureza. 

Entre o material foi encontrado aço defeituoso, manchas indicativas de que os trilhos poderiam trincar e partes se despedaçando. 86,8 mil toneladas de trilhos já desembarcaram no porto de Santos.

Licença Ambiental

Como se não bastassem todos os problemas encontrados durante a construção da ferrovia, conforme publicou a edição de 28 de junho de A Tribuna, o Ministério Público Federal em Jales (MPF) recomendou ao Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis que reveja a licença expedida à Valec – Engenharia, Construção e Ferrovias S.A., para a execução das obras de ampliação da Ferrovia Norte Sul entre Ouro Verde, em Goiás e Estrela d’Oeste.

Um inquérito instaurado pelo MPF constatou que a empresa realizou intervenções potencialmente poluidoras em adutoras de vinhaça, resíduo malcheiroso decorrente da produção de etanol. Uma representação feita ao Ministério Público Federal pela Alcoeste Destilaria Fernandópolis S/A, indica que o projeto de desvio dos dutos em dois pontos não estaria de acordo com as exigências ambientais. De acordo com representação, o material usado pela Valec nas adutoras é inadequado para o transporte do líquido corrosivo, podendo poluir cursos d’água em caso de rompimento. 

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