“Certos voluntários passam a repensar e reformular a vida de uma forma completamente nova, dinâmica e transgressora também. Eles se beneficiam, as vezes, muito mais que o paciente”.
(Jyi)
Todos nós somos responsáveis por um mundo mais humano, justo e solidário, menos desigual e com mais oportunidade para todos. De que maneira um indivíduo pode fazer a sua parte? Existem várias formas, mas para todas elas é preciso dar o primeiro passo.
Tudo o que nos cerca não diz respeito apenas a nós, mas a todos. Em sociedade, sempre estamos em relação coletiva. E ninguém é dono de ninguém. Todos precisam de todos, parte que somos uns dos outros, sobretudo quando nos colocamos a serviço, buscando integrar ou integrando-nos àquelas pessoas que nada possuem. Um gesto nosso, um serviço voluntário, gratuito poderia lhes devolver a dignidade e o direito de usufruir da liberdade e do exercício da cidadania.
O trabalho voluntário significa que cada pessoa é chamada a sair de sua individualidade e, somando-se à coletividade, dar um pouco de si àqueles que nada têm ou pouco têm. Ensiná-los a ler e escrever, a rir e a chorar, dar carinho, a acreditar em si, em sua capacidade, reconhecer seus direitos humanos, aprender uma profissão, lutar pela justiça, vencer o medo, não aceitar a violência e vencer suas feridas. Se cada um de nós nos dedicarmos ao trabalho voluntário, iremos colaborar com uma sociedade digna e melhor. No Brasil, as desigualdades sociais mobilizam o surgimento de novas organizações sociais, aliadas às tradicionalmente existentes, com a ampliação da quantidade de voluntários e de espaços para esta prática. A atividade voluntária é elemento agregador na construção da justiça social. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) aposta na ação social voluntária como um novo espaço de transformação social. A sociedade brasileira encontra-se num período de valorização e ampliação do espaço da sociedade civil no enfrentamento dos problemas sociais.
Todos já devem ter a consciência do que se trata o trabalho voluntário. Atualmente muito se fala nos oito objetivos do milênio, sobretudo porque líderes de vários países da Organização das Nações Unidas (ONU), inclusive o Brasil, se comprometeram a cumpri-los São eles: Erradicar a extrema pobreza e a fome; Atingir o ensino básico universal; Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; Reduzir a mortalidade infantil; Melhorar a saúde materna; Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; Garantir a sustentabilidade ambiental;
Esse tipo de trabalho tem se tornado um fator muito importante. Para você que pretende ser um voluntário saiba que existem diversas organizações que se utilizam desse tipo de trabalho, não só no Brasil como no mundo todo.
O mundo precisa de heróis, precisa de homens de honra motivados para o bem comum. Quando se fala em herói, a tendência é pensar em homens de grandes feitos, homens a frente de seu tempo ou de realizações respeitáveis. Com certeza, realmente um herói pode fazer grande benefício à humanidade, seja pela ação propriamente dita, seja pelo exemplo que desperta nos seus pares. Com certeza, já tivemos grandes heróis, que fizeram à diferença na balança da justiça. Porém, o nome de cada homem de bem deve ser lembrado, deve ser registrado na história da humanidade. A memória da civilização necessita da lembrança daqueles que fizeram muito pelo seu povo, pelo seu país. O trabalhador anônimo que cumpre com seus deveres cívicos, que se orgulha de seu trabalho honesto, cuida de sua família e ainda acha tempo para trabalho voluntário junto à sociedade merece nosso reconhecimento. Esse trabalhador também é um herói. Talvez anônimo, mas fundamental como exemplo a seguir, para o crescimento da tradição do respeito coletivo.
Um trabalho voluntário sério, sem fins lucrativos e sem envolvimento em política partidária pode realmente mudar a sociedade, mudar nosso bairro, nossa aldeia e até nosso mundo. Este trabalho pode ser individual ou em grupo, através de associações constituídas na forma da Lei. O sentimento do dever coletivo, do bem estar geral pode ser disseminado e estimulado, gerando o sentimento de dever cumprido, do fazendo parte de algo maior. O cidadão pode exercer efetivamente sua cidadania com participação real e diária na sociedade, denunciando eventuais ilícitos, colaborando como voluntário nas questões coletivas, como na defesa do meio ambiente e da probidade administrativa.
Já o homem público como formador de opinião, deve antes de tudo, cumprir seus deveres funcionais com retidão e probidade, acreditando acima de tudo que sua atitude melhora sua cidade, seu estado e seu país e honra seus antepassados. É isso!
*Marco Antonio Poletto é Gestor no Poder Judiciário, Historiador, Articulista e Animador Cultural