Há tempo vem sendo anunciada uma encíclica muito especial do Papa Francisco. Especial sobretudo pelo tema, abrangente, polêmico, urgente, e necessitado de decisões, que ninguém tem a coragem de propor e de assumir.
Trata-se da ecologia, das questões levantadas em torno do meio ambiente, com o leque de desdobramentos que o assunto comporta e estimula.
Nunca uma encíclica foi tão anunciada e aguardada com esta. Trata-se, evidentemente, de uma estratégia de divulgação e de acolhida. Mas o fato não se limita a um expediente de comunicação bem preparado e estudado.
Por ser um documento emanado do Papa, com o prestígio que ele vem adquirindo, como referência ética mundial, confere à prometida encíclica um valor especial.
Mas a razão parece ser outra. Acontece que a problemática ecológica vem crescendo de importância nas preocupações que as mudanças climáticas suscitam. Mas esta preocupação não encontra uma resposta adequada, seja no âmbito da consciência pessoal, ou no contexto dos dirigentes políticos das nações.
Diante dos grandes desafios que a problemática ecológica suscita, parece que os dirigentes políticos se vêem cada vez mais encabulados e indecisos a tomar providências, com medo de se verem prejudicados e contestados pelos cidadãos de cada país, ou de perderem eventuais vantagens econômicas decorrentes da situação atual.
Desta maneira, se fortalece uma inércia, que inviabiliza as urgentes medidas que precisariam ser tomadas.
Diante deste impasse, a figura do Papa Francisco emerge como uma esperança consistente de mudanças importantes, que precisam ser tomadas com urgência. O Papa aparece como o fator decisivo na superação de um impasse, que imobilizou a iniciativa política diante de um problema que só pode ser enfrentado adequadamente se for levada em conta sua dimensão mundial.
Todos esperam que o Papa Francisco rompa este imobilismo.
Acresce que nesta causa parece residir a marca registrada do seu pontificado. Ainda recordamos bem que, ao ser eleito papa, uma das surpresas maiores, foi a escolha do nome que adotou.
Pois a questão ecológica é relacionada intimamente com a mensagem de São Francisco. Assim, simbolicamente, o Papa Francisco selaria sua identificação com São Francisco, assumindo a causa ecológica, como São Francisco soube fazer eximiamente.
De uma coisa, em todo o caso, todos podemos ter a certeza, mesmo antes de conhecermos o seu conteúdo. A nova encíclica virá muito marcada pela espiritualidade franciscana, que brotará do surpreendente encontro do papa atual com o Santo de oito séculos atrás, mas muito atual por suas intuições ecológicas.
É notório que o Papa solicitou ajuda de algumas pessoas ligadas à causa ecológica, não se excluindo que ele tenha pedido a colaboração do teólogo brasileiro Leonardo Boff.
Mas ele fez questão de sinalizar que iria integrar as eventuais sugestões de acordo com o seu projeto de uma encíclica que dê conta do tamanho da problemática, e que finalmente rompa o imobilismo de efetivar as providências que a seriedade da causa está pedindo.
Em todo o caso, vem chegando a encíclica do Papa. É só aguardar para ver!