No meu Brasil brasileiro, Jânio Quadros se foi muito rápido e Jango, também não tinha muito de progressista. Era filho de uma família de riquíssimos fazendeiros, e não era tão preparado para a função: “preferiu viver rico no exílio, a participar ou liderar uma revolução popular com a qual não se identificava”. Seguiram-se os governos militares, depois Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique. Se examinarmos todas as medidas tomadas por tais governos (algumas boas, até) veremos que nenhuma delas teve a preocupação ou conseguiu alterar o sistema de distribuição de renda no País, – um dos mais injustos do mundo.
A dívida externa sempre em patamares impagáveis, o salário mínimo mediando entre US$80,00 e US$120,00, lenta queda da mortalidade infantil, poucos avanços na alfabetização, grande transferência de rendas para o exterior, sistema de saúde pública catastrófico, destruição da escola pública, gigantesca falta de moradias e favelização, polícia corrupta, Justiça que não funciona, juros e previdência privada mais cara do mundo, seguros mais caros do mundo, alta tributação e assim foi. Só discursos, só demagogia, e muita roubalheira.
Aí vieram à eleição em 2003, a reeleição do Lula e a eleição e reeleição da Dilma. Determinadas coisas não deram certo, os quadros do PT, partes, eram despreparadas para administração, enfim, as coisas não saíram como o PT pregava. No entanto, o salário mínimo quadruplicou (em dólares), a renda familiar cresceu, a dívida externa foi paga, o consumo aumentou muito, o emprego cresceu (e o desemprego despencou, com taxa de 4,2%) 40 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza e o Brasil conseguiu crescer, ao meio de uma grande crise internacional.
Caros amigos, esses são fatos. Fato é fato, não é discurso, nem proselitismo político, nem palavrório. FATOS. O País está em regime de pleno emprego (é a 1ª vez em nossa história que isso acontece) e, no ano de 2013, em um universo de 200 países, fomos o 4º país do mundo em receber investimentos externos, só atrás dos Estados Unidos, China e Hong Kong (notícia do jornal Times, reproduzida no Estadão e Folha algumas semanas atrás, com pouco destaque, como de praxe). A arenga de que o governo, em 2003, pegou uma condição internacional favorável é conversa para boi dormir: muitos outros países não progrediram, muitos entraram em crise, o sistema financeiro internacional em 2008 quase ruiu, enfim, o Brasil navegou muito bem por sua conta e seus méritos. Pensar de modo diverso é revolver a mentalidade colonialista.
Mas não estou eu a pretender que você se torne um apoiador do Lula e da Dilma? É claro que não, até porque depois de uma certa idade ninguém muda mais. É que eu acho que essa “cruzada” contra, poderia ser muito mais consequente e séria. Já que na clássica definição “partido político é a opinião pública organizada”, porque vocês, conservadores, não fundam um partido que expresse tal ideologia? A grande farsa que existe é que os conservadores ou os direitistas ou os neoliberais não assumem o próprio rosto.
Outro ponto é sobre a forma negativa e pejorativa de suas “críticas” políticas. As piadas, imagens, dizeres etc., que se referem aos que não pensam como vocês, revelam um rancor que tem de tudo: preconceito, desinformação, insultos etc. Se vocês acham que este tipo de crítica desperta alguma simpatia para as suas idéias, ou fazem mal à figura dos criticados, então está na hora de vocês fazerem algumas reflexões sobre o que muda as pessoas. Uma pessoa decente muda de opinião quando você demonstra que ela está errada. Só não mudará se tiver “interesses” em se manter no erro ou, então, se por alguma razão (preconceito, ignorância, intolerância, irracionalidade etc.) não entender o seu erro e o significado da mudança. Fora disso, a “propaganda” pejorativa contrária é um tiro na culatra. E isso é tanto no aspecto individual como coletivo. Enfim, à medida que a sociedade evolui, essa linguagem truculenta, ofensiva, enganosa, que intui uma falsa moralidade e prega medidas radicais extremadas (para os outros, nunca para si) vai caindo em desuso, não engana mais ninguém.
Tempos atrás em um seminário em Belo Horizonte a então prefeita de Pombal-PB, contou a história de dona Joana:- Um dia, dona Joana encontrou a prefeita e disse que queria devolver o cartão do Bolsa Família. A prefeita perguntou o motivo. Ela: não preciso mais. Com o dinheiro do cartão fui comprando pintinhos. Hoje tenho 600 galinhas, vendo ovos e ganho mais do que o cartão me dá. Disse mais, a dona Joana: “Esse cartão o governo emprestou para quem precisa. Agora eu não preciso mais eu quero devolver para que ele dê para outra pessoa”. A prefeita disse: Você vai devolver, mas vai devolver no rádio. Dito e feito. Depois de algum tempo, quase 300 pessoas devolveram o cartão, miradas no exemplo de dona Joana. O próprio Ministério do Desenvolvimento Social achou que algo estava errado e foi verificar o porque de tantas devoluções. O bonito vem agora: Um repórter da Globo se bandeou para Pombal. Foi atrás de algum furo no programa. Foram procurar a dona Joana. Ao ver o carro da Globo, dona Joana tascou: “se vocês vieram aqui para falar mal da Dilma podem ir embora já!”
*Marco Antonio Poletto é Gestor no Poder Judiciário, Historiador, Articulista e Animador Cultural