O vereador André Ricardo Viotto (PSD), o Macetão, que está sendo alvo de uma investigação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Jales, não compareceu às reuniões marcadas por aquele colegiado, em que ele seria ouvido novamente. Macetão já foi ouvido uma vez, na primeira fase do processo, quando se defendeu previamente das acusações feitas contra ele em representação protocolada pelo ex-vereador e presidente do PT local, Luís Especiato. Na ocasião, Macetão teria admitido que as declarações feitas por ele em conversas gravadas pelo ex-secretário de Planejamento, Aldo José Nunes de Sá, eram mentirosas.
Segundo informações da assessoria da Câmara, Macetão foi notificado três vezes para prestar depoimento ao Conselho de Ética, formado pelos vereadores Gilbertão (DEM), Pérola Cardoso (PT) e Tiago Abra (SD), mas alegou compromissos profissionais – ele trabalha na Prefeitura de São Francisco, como fisioterapeuta – para escapar às convocações. O jornal apurou que, na quarta-feira, 08, Macetão esteve na Câmara por volta das 13:30 horas, quando entregou um documento avisando que não poderia comparecer à reunião marcada para às 14 horas daquele dia.
Imediatamente, os integrantes do Conselho providenciaram uma nova notificação e foram até São Francisco para entregar ao vereador, marcando o depoimento para o dia seguinte, novamente às 14 horas. Na quinta-feira, Macetão repetiu o estratagema do dia anterior, alegando que tinha uma reunião de trabalho marcada para o mesmo horário. Diante desses fatos, o Conselho deliberou, por unanimidade, dar por concluída a fase de depoimentos do processo, abrindo o prazo de cinco dias para que Macetão apresente nova defesa escrita.
Na primeira defesa escrita – também chamada de defesa prévia – Macetão teria argumentado que os vereadores Gilbertão e Tiago Abra não poderiam integrar o Conselho de Ética, uma vez que eles também foram acusados de irregularidades pelo ex-secretário Aldo Nunes. Além de alegar a suspeição dos dois vereadores, Macetão apontou três testemunhas de defesa – os advogados Carlos Alberto Expedito de Britto Neto e Aislan de Queiroga Trigo, e o empresário Almeraldo Del Pino – as quais já foram ouvidas durante a semana.
Assim que receber as alegações finais da defesa do vereador Macetão, o Conselho de Ética terá o prazo de dez dias para apresentação do parecer final. Fontes ligadas ao vereador avaliam que ele deverá ser cassado por seus pares. “Não temos dúvida de que a Câmara vai querer exibir a cabeça do Macetão, para sinalizar que os vereadores são sérios e que não existe corporativismo no Legislativo jalesense”, disse uma fonte. Ela garante, porém, que o vereador já está preparado para recorrer à justiça, caso seja cassado. “O Macetão já está consciente da cassação, mas confia que poderá reverter a situação na justiça. Afinal, a cassação está sendo decidida com base em uma gravação cuja autenticidade ainda não foi comprovada. A própria justiça lembrou esse detalhe ao negar uma liminar à prefeita Nice”, revelou a fonte.
Macetão, de seu lado, vem mantendo silêncio absoluto sobre o seu caso. Procurado durante a semana por setores da imprensa – inclusive emissoras de TV – ele não atendeu o celular. Durante a sessão de segunda-feira passada, 06, ele confirmou mais uma vez à reportagem de A Tribuna que a sua provável cassação poderá abrir uma brecha para a volta da ex-prefeita Nice Mistilides. “Eu estou sabendo que a defesa da Nice já está com tudo pronto para requerer a nulidade dos meus atos como presidente da Comissão Processante, caso venha a ser cassado”.