A semana do prefeito Pedro Callado começou agitada. Na manhã da segunda-feira, dia 23 de fevereiro, ele recebeu a imprensa local e regional para uma entrevista coletiva onde o principal assunto da pauta foram as dívidas herdadas de outras administrações que passam dos R$ 3 milhões. De acordo com o chefe do executivo jalesense, que estava acompanhado da secretária da Fazenda, Sirlene Gonçalves Pacheco e do contador da Prefeitura, André Wilson Neves da Silva, o primeiro passo será o pagamento de fornecedores.
“Sem resolver as questões financeiras e sem tomar conhecimento da real situação do município, não é possível pagar atuais fornecedores, reajuste ou recomposição salarial de servidores públicos.
Precisamos ter o controle para planejar Jales e equacionar a situação financeira da cidade será o primeiro passo”, disse.
Como adiantou em entrevista exclusiva para A Tribuna, publicada na edição do dia 22 de fevereiro, Callado reafirmou que “não há tempo para que seja feito um levantamento minucioso porque os serviços da Prefeitura não podem parar por tempo razoável para esse levantamento”. Segundo ele, diante da exiguidade de tempo e da falta de recursos financeiros para se contratar uma empresa especializada em auditoria, foi constatado através de registros contábeis da Secretaria de Fazenda que atualmente as despesas do município ultrapassam R$ 3,2 milhões de reais e hoje há um déficit de R$ 229.720,51 em relação ao saldo bancário. A previsão de receitas para o mês de fevereiro é de R$ 2.911.000,00.
Os mais de R$ 3 milhões em dívidas são resultado do déficit financeiro do mês de janeiro de 2015, que somam R$ 591.294,25, acrescidos de dívidas de anos anteriores, como os R$ 677.140,96, de 2012 e os R$ 2 milhões de 2014.
O prefeito disse que pretende iniciar o pagamento pelas dívidas contraídas em 2014, respeitando-se a ordem cronológica. Depois serão pagas as dívidas remanescentes do ano de 2012, que somam R$ 667.140,96. Pedro Callado contou que entre os dias 23 e 24 de fevereiro, baixaria um Decreto suspendendo todas as formas de pagamentos, objetivando analisar minuciosamente cada caso, em particular. “Vou analisar a origem de cada uma dessas dívidas. Vou assinando os cheques dos pagamentos na medida em que forem me apresentando a origem de cada dívida e os documentos comprobatórios. Esse decreto ‘será’ feito para garantirmos agilidade e transparência aos pagamentos”.
Callado diz que vai economizar
Economizar é a ordem. O prefeito Pedro Callado disse que desde o dia 17, está na tentativa de montar um secretariado ‘custo zero’, a exemplo do que fez o ex-prefeito José Carlos Guisso, quando venceu as eleições e assumiu o cargo em 2011.
Callado disse que fez alguns convites que, segundo ele, infelizmente foram rejeitados. “Alguns empecilhos estão dificultando a formação do secretariado, entre eles, atividades que os profissionais convidados já exercem, além de compromissos familiares e a falta de condições de trabalhar a custo zero. Quero secretários que possam trabalhar oito horas por dia, sem desenvolver atividades paralelas e está sendo muito difícil formar esse grupo”, contou.
O prefeito ainda revelou que pretende, como forma de economia, unificar secretarias. “Pretendo conseguir fazer com que um secretário responda por duas secretarias. Alguns assessores de secretários também serão, por hora, suspensos. Outros serão exonerados. Além disso, o prefeito não terá reajuste em seus subsídios nos próximos um ano e dez meses. Precisamos demonstrar para a população que nós estamos fazendo a nossa parte”, enfatizou Pedro Callado.
Segundo o chefe do executivo, cerca de 40 cargos em comissão poderão ser suspensos. “Vou enviar um projeto para a Câmara pedindo a extinção de alguns cargos em comissão e também pretendo suspender outros. Nenhum cargo de carreira será suspenso”.
De acordo com o prefeito, “vamos trabalhar com um time formado por funcionários que sempre foram o suporte da administração. O prefeito e os secretários são transitórios, amanhã podemos não estar aqui, Os servidores são permanentes e tem interesse que a Prefeitura ande bem”.
Prefeito conquista R$ 1 milhão para Santa Casa
Conforme noticiou A Tribuna na edição do dia 22 de fevereiro, a Santa Casa de Jales receberá nos próximos meses R$ 1 milhão de reais para investimentos, uma verba conquistada pelo prefeito Pedro Callado, através de emenda parlamentar do deputado federal, Fausto Pinato (PRB). Segundo o departamento de comunicação do hospital, o recurso será destinado à compra de material médico hospitalar de consumo.
O prefeito lembrou que a Santa Casa é o único hospital desta microrregião e precisa ser lembrado. “O hospital é o que acode nossas famílias, e vem sendo administrada com muita competência e responsabilidade. Esse recurso eu havia solicitado antes mesmo de assumir o Poder Executivo e fui prontamente atendido pelo deputado. A intenção é transformar a nossa Santa Casa em um hospital regional”, comentou Callado.
Callado contou ainda que deverá viajar nessa primeira semana do mês de março em busca de mais recursos para Jales. “Temos visitas agendadas no gabinete da deputada Analice Fernandes e Cauê Macris e também passaremos pelos gabinetes de outros deputados que possam viabilizar recursos para nossa cidade”.
Prefeito quer pagar dívida da Prefeitura com a família Jalles
O prefeito Pedro Callado ressaltou que quando assumiu a Prefeitura, no dia 17, imaginou que as dívidas com precatórios pudessem chegar ao valor de aproximadamente R$ 10 milhões. “Felizmente eu estava errado. Pagamos mensalmente R$ 106.667,43 de precatórios. Comentava-se em Jales que o maior precatório seria referente a uma desapropriação de terrenos no Distrito Industrial II, o que teria resultado na conhecida dívida com a Família Jalles, mas, segundo a Secretaria Municipal de Fazenda, o valor total desse precatório não ultrapassa R$ 2 milhões”.
O prefeito afirmou que deverá procurar os representantes da família Jalles para negociar a dívida.
“É uma dívida pesada para o município, mas o credor quer receber. Vamos procurar os representantes dos Jalles para encontrarmos uma forma de pagar, de acordo com as possibilidades da Prefeitura”.
Aumento de receita será prioridade
O aumento de receita também foi colocado em pauta durante a entrevista coletiva concedida pelo prefeito Pedro Callado. “Para aumentarmos as receitas é preciso ter consciência de que precisamos estar juntos, unidos”.
O prefeito se referiu a um projeto que, segundo ele, vem sendo divulgado há algum tempo e trata de questões relacionadas à regularização de “Habite-se” (documento que comprova que um empreendimento ou imóvel foi construído seguindo-se as exigências da legislação local, especialmente o Código de Obras do município, estabelecidas pela Prefeitura para a aprovação de projetos), ou seja, lotes que receberam construções mais ainda estão no Cadastro Imobiliário como vagos, entre outros.
“Não vamos promover reajuste em impostos, vamos adequar a realidade à legislação vigente”.
Também como forma de aumentar a receita, o prefeito contou que vai desenvolver um Projeto de Lei e encaminhar à Câmara Municipal, para que se crie uma lei autorizando o parcelamento, na totalidade, de dívidas com o IPTU. “Nessa administração não teremos Refis.
Quero a criação dessa lei municipal porque quem deve tem que pagar e as pessoas querem pagar. Lembro-me que quando eu trabalhava no Fórum as pessoas iam até lá pedir para parcelar o débito e a Prefeitura não podia concordar por falta dessa lei que a autorizasse realizar o parcelamento, mesmo que no valor integral da dívida.
Vamos propor aos vereadores e à população e tenho certeza de que eles vão compreender a necessidade e aderir ao projeto”.
Callado fez um apelo e pediu às pessoas que tenham dívida tributária junto à prefeitura que compareçam no Fórum de Jales e solicitem o parcelamento.
