Terça-feira, Novembro 26, 2024

Mais da metade do eleitorado jalesense tem mais de 45 anos

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Um dos dados mais significativos do eleitorado e que, portanto, os marketeiros dos candidatos esmiúçam, é a distribuição do eleitorado por faixa etária. A segunda por índice de importância é a distribuição por gênero. Nesse caso, os candidatos que estarão nas urnas em 6 de outubro próximo deverão dispensar especial importância aos mais velhos. Afinal os números do Tribuna Superior Eleitoral (TSE) finais do eleitorado jalesenses (apurados em abril) mostram que 19.839 dos 36.250 eleitores de Jales têm mais de 45 anos. Em números proporcionais, o número representa 54,7% do total. 5.711 têm mais de 60 anos. Por outro lado, apenas 16.324 – ou 45% do total – têm menos de 45 anos. Apenas 1.366 tem entre 18 e 20 anos (3,77%) e 122 tem menos de 18 anos (0,43%).
Importante levar em consideração os índices de abstenção também por faixa etária. Quem tem mais propensão e não comparecer às sessões eleitorais, idosos com dificuldade de locomoção ou jovens desestimulados.
Ainda assim, os números da distribuição etária do eleitorado dizem, a grosso modo, que o candidato que não tiver em seu plano de governo propostas concretas, viáveis e críveis para o eleitorado de idade mais alta perderá uma parcela significativa dos votos e poderá ter a sua eleição comprometida. Atendimento de saúde, mobilidade e lazer estão no topo das demandas dessa faixa da população, sem esquecer da geração de emprego, que preocupa os 10.004 que têm entre 45 e 59 anos e estão em plena idade ativa.
GÊNERO
Atenção especial para as necessidades femininas que são bastante específicas, em algumas situações, como necessidade de creches, emprego e saúde. Na contagem geral, as mulheres representam 6% a mais do eleitorado do que os homens (53% a 47%). São 19.059 mulheres contra 17.142 homens. A diferença é de 1.917 eleitores, mesma votação obtida pelo terceiro colocado na eleição de 2020.
Em todas as faixas etárias as mulheres são maioria, mas é exatamente acima de 45 anos que a diferença é maior, chegando a 10% entre 60 e 69 anos (54,98% de mulheres a 44,98% de homens).
ESTADO CIVIL
A maior parte da população apta a votar é casada (16,404 ou 45,31% do total), mas não há dados sobre o percentual daqueles que têm filhos, parcela da população que também tem demandas específicas nas áreas de saúde, educação e mobilidade. Querem vagas em creches e escolas com ensino de qualidade, além de atendimento de saúde eficiente, rápido, em horário que não coincida com o seu expediente de trabalho e perto de casa. Porém, os dados da distribuição do estado civil por faixa etária dá uma ideia desse público.
Por exemplo, todos os 122 eleitores com 17 anos são solteiros e 98,98 % daqueles que tem entre 18 e 20 anos são solteiros. Mesmo estado civil de 97,56 % dos eleitores com idade entre 21 e 24 anos.
Naturalmente, esse percentual vai caindo conforme a idade vai subindo, mas surpreendentemente, mais lento do que se imaginava. Entre os eleitores de 25 a 34 anos, o percentual de solteiros é de 76,94 % ,enquanto o de casados é de apenas 21,34 %.
A proporção só começa a se inverter na faixa etária entre 35 e 44 anos. Entre eles, 48,93 % são casados e 44,96 % são solteiros. O percentual de casados se torna definitivamente superior na faixa etária entre 45 e 59 anos, na qual 56,62 % são casados e 28,98 % são solteiros. Respectivamente 5.664 e 2.899 pessoas. Entre 60 e 69 anos, o percentual de casados sobe para 62,34 % e o de solteiros cai para 14,24 %. Não há detalhes sobre a quantidade de divorciados, separados judicialmente e viúvos, que têm demandas relacionadas a filhos e netos.
GRAU DE INSTRUÇÃO
Outro dado importante para elaboração das campanhas eleitorais, é o grau de instrução do eleitorado. Entende-se que a instrução pode ter ligação direta com o endereço do eleitor, o número de filhos, e o uso de equipamentos públicos, como escolas e postos de saúde.
A nossa reportagem apurou o grau de instrução dos eleitores com mais de 25 anos, por entender que na faixa anterior (21 e 24 anos) a maioria dos brasileiros não estudou tempo suficiente para completar o ensino superior.
Com base nisso, apuramos que dos 5.962 eleitores situados na faixa etária entre 25 e 34 anos, 12,24 % possuem ensino médio incompleto, 41,09 % possuem ensino médio completo, 15,75 % possuem superior incompleto e 25,36 % possuem ensino superior completo.
Nas faixas etárias seguintes, o grau de instrução cai consideravelmente. É o caso da faixa etária entre 35 e 44 anos. Desse grupo, 35,55 % conseguiram completar o ensino superior e 4,70 % iniciaram, mas não completaram a faculdade. 37,17 % completaram o ensino médio, mas 9,33 % só possuem o diploma do ensino fundamental. Outros 8,62 % não completaram nem esse nível de estudos.
A tendência de menos instrução para idades mais avançada é confirmada no grupo com idade entre 45 e 48 anos, no qual 26,81 % têm ensino fundamental incompleto, 5,92 % tem ensino médio incompleto, 29,19 % tem ensino médio completo. 2,58 % iniciaram o curso secundário, mas não terminaram e outros 25,11 % conseguiram o diploma de curso superior. Desse grupo, 1,6% é analfabeto ou apenas lê e escreve.
A proporção idade/grau de instrução é resultado da menor concorrência em décadas passadas. Com menos trabalhadores disputando as vagas de emprego disponíveis, não havia exigência dos empregadores por formação especializada dos empregados. Somente profissões específicas, como médico, advogado ou engenheiro precisavam ter diploma superior. Nem mesmo professores precisavam ter completado a faculdade.
Essa situação fica mais perceptível quando a faixa etária é de 60 a 69 anos. Desse grupo, apenas 18,28 % têm ensino superior e 17,48 % têm ensino médio completo. Mas 42,11 % deles têm ensino fundamental incompleto. Outros 5,3% são analfabetos ou apenas leem e escrevem.
Dados possibilitam plano de governo exequível e palpável, dizem especialistas
Dois especialistas em campanhas políticas consultados pelo jornal A Tribuna confirmaram que os dados são importantes para nortear campanhas eleitorais e subsidiar planos de governo.
Ângelo Gonçalves, CEO do grupo Sinfor, responsável por dezenas de campanhas vitoriosas para deputado estadual, federal, governador e prefeito, disse que os dados são importantes para definir discursos inclusive segmentados. “Com certeza isso está dentro do escopo da estratégia de campanha”.
João Eduardo Lima Carvalho, cientista político e advogado eleitoral, tem a mesma opinião. “Não apenas os dados do TSE, mas também do IBGE, dão fundamento para construção de políticas públicas e através deles é possível descobrir quais são as áreas que necessitam de maior atenção do poder público, quais são as dificuldades por cada um dos grupos e quais estão em situação de vulnerabilidade”.
Especificamente, sobre embasar as estratégias de marketing, elaboração de discursos e campanhas eleitorais e compor personas, o cientista político disse trata-se de uma forma que se descola da política tradicional baseada apenas em troca de favores, muito predominante décadas atrás. “Existe a necessidade de se construir um plano de governo, que precisa ser registrado na justiça eleitoral e esse plano de governo deve ser algo que seja exequível e palpável. Esses dados do TSE dão informações importantes para isso e para criar estratégias eficientes de campanha eleitoral”.

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