As primeiras semanas de 2024 já mostraram que o ano pode ser trágico em termos epidemiológicos para arboviroses, como chikungunya e a dengue, especialmente a do tipo 3, que voltou a ser registrada em Votuporanga, depois de 15 anos ausente na região.
Na primeira quinzena de janeiro, Rio Preto registrou 28 casos de febre chikungunya. Em todo o ano passado foram 111 confirmações da doença.
De acordo com o boletim divulgado na última terça-feira, 16 pela Secretaria da Saúde do Município, nos primeiros 15 dias deste ano foram contabilizadas 40 notificações, sendo 28 casos confirmados e um descartado. As outras 11 ocorrências estão em investigação e o número pode aumentar bastante no transcorrer dos próximos dez dias até o fim do mês.
Desde 28 de novembro, a cidade também vem registrando a dengue tipo 3. Segundo a Secretaria da Saúde, a paciente era uma mulher de 57 anos, moradora da região Norte. Os sintomas foram febre, mialgia, cansaço, dor nas costas e nas articulações. A paciente tem comorbidades, passou por atendimento médico, mas não precisou de internação.
Segundo a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, são conhecidos quatro tipos do vírus da dengue, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que estão associados a epidemias. O último caso do sorotipo 3 foi identificado no noroeste paulista em 2008.
Ainda segundo a Secretaria da Saúde, estão sendo adotadas medidas para evitar novos casos da doença, como nebulização e bloqueio em áreas onde foram registrados casos positivos ou suspeitos de chikungunya. Porém, a população também deve evitar possíveis criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor dessa e de outros doença, como a dengue a zika.
DENGUE TIPO 3
A Secretaria de Saúde de Votuporanga confirmou mais dois casos de dengue sorotipo 3 esta semana. A variante não era registrada há mais de 15 anos no noroeste paulista e voltou a circular em novembro do ano passado. No total, a cidade já contabiliza 15 casos somente dessa variante.
Um dos casos foi registrado em uma mulher de 27 anos, moradora da Vila América, que está com sintomas comuns da dengue. O estado de saúde dela é considerado estável.
O outro paciente é um homem, de 52 anos, morador da zona rural. Ele estava hospitalizado, mas recebeu alta médica nesta quarta-feira,17.
A Prefeitura de Votuporanga garante que intensificou o combate à dengue. Nesta semana foi feita nebulização veicular, quando o gás é aspergido do veículo andando na rua. A etapa inicial, porém, teve início na segunda-feira, com os agentes de saúde realizando visita domiciliar em algumas regiões da cidade para eliminar criadouros e orientar os moradores sobre como evitar a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
A população recebeu, através do carro de som, instruções sobre como deixar portas e janelas abertas para que a névoa (fumaça) entre e a ação seja eficaz.
Além da prevenção, a Prefeitura pede a colaboração da própria comunidade em adotar medidas de combate, como por exemplo, a limpeza de quintais e terrenos.
ANO DEVE SER ENDÊMICO
A confirmação de casos de dengue do sorotipo 3, chamado de DENV3, em Votuporanga e Rio Preto, cidades bastante frequentadas por jalesenses, é um fator que elevou a preocupação dos especialistas que consideram a população vulnerável ao novo sorotipo para o qual não possui anticorpos.
A responsável pelo setor de controle de endemias da Secretaria de Saúde de Jales, Vanessa Luzia da Silva Tonholi, disse que se trata de uma preocupação não só para a região, mas para todo o estado. “Temos uma população grande exposta ao vírus tipo 3 e a gente teve uma epidemia no ano passado com os vírus tipo 1 e 2, que estão suscetíveis a pegar o tipo 3”.
Isso, segundo ela, deixa todas essas pessoas suscetíveis a pegar o vírus tipo 3, aumentando a possibilidade de desenvolverem para casos graves. “Se torna uma preocupação, sim, porque podemos ter um ano de epidemia e epidemia de casos graves”
CHUVA + CALOR + AEDES = DENGUE
O verão é a estação mais propícia para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti que, além da dengue, também transmite a zyka e chikungunya. É nessa estação do ano que as chuvas aumentam os locais de acúmulo de água, que somada ao calor favorecem a eclosão das larvas.
O Governo do Estado e os municípios têm intensificado as campanhas de eliminação dos criadouros e de conscientização da população sobre os riscos que o mosquito traz para a saúde humana.
A eliminação desses criadouros, alertam as autoridades de Saúde, é uma estratégia fundamental no controle da proliferação do Aedes e prevenção das doenças que ele transmite. Alguns exemplos de criadouros são recipientes de água parada, pratos de plantas, calhas entupidas, lixeiras e caixas d’água mal vedadas, além de piscinas ou fontes sem os devidos cuidados.