O vereador Bruno de Paula (PSDB) admitiu em requerimento que a oferta de atendimentos nas especialidades na área da saúde “está absolutamente insuficiente” e que quase todas as especialidades médicas estão com filas de centenas de pacientes. Mesmo reconhecendo as filas na área de saúde, o vereador questiona o prefeito e a secretária de Saúde sobre qual a demanda reprimida de especialidades médicas, por ESFs, que existe no município de Jales e se existe a possibilidade da municipalidade, em alguma das especialidades das demandas reprimidas, promover mutirão para diminuir essa procura.
A constatação é uma leve mudança de postura do parlamentar do PSDB que chegou a contestar matéria deste semanário sobre a gigantesca fila de espera por consultas e exames no AME de Jales.
No fim de março, o jornal A Tribuna noticiou com exclusividade que o promotor de Justiça da Saúde Pública de Jales, Wellington Luiz Villar, tinha instaurado um inquérito civil a fim de apurar possíveis prejuízos à vida e à saúde da população da cidade de Jales e região, em razão de supostas irregularidades na prestação dos serviços de média complexidade pelo AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Jales, após notícias levadas ao MP pelos vereadores Andrea Cristina Moreto Gonçalves e Vanderley Vieira dos Santos. De acordo com os parlamentares, há enorme demanda reprimida nas diferentes áreas da saúde, resultando na demora por meses ou até anos para definir diagnóstico da enfermidade, chegando a casos de óbito sem realização dos exames.
De acordo com a matéria contestada por Bruno de Paula, o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Jales, atendeu apenas 723 consultas solicitadas pelas Unidades Básicas de Saúde (ESF) de Jales. Os procedimentos são popularmente conhecidos como “encaminhamentos” e fazem parte da atenção secundária, que é de responsabilidade exclusiva do Governo do Estado. O número é basicamente o mesmo em todos os meses, com pequenas variações.
No começo do mês de março, havia 13.910 pedidos de consultas com especialistas diversos feitos pelas UBS de Jales. A unidade oftalmológica de Palmeira d’Oeste atendeu 290 casos de oftalmologia e o Consirj 268 outras consultas, restando nada menos que 12.629 pedidos na fila de espera, que é, em média, de 17 meses e meio, mas ultrapassa três anos em especialidades como oftalmologia e cardiologia, por exemplo.
Mas para o vereador naquela ocasião, a espera de algumas centenas de vagas, não havia pessoas morrendo a espera de atendimento.
“Querem que o AME atenda mais os pacientes? Contratem mais serviços! É simples: vai no Governo do Estado e contrate o serviço do AME”, debochou naquela ocasião.
Crítico ferrenho dos veículos de imprensa, contra os quais já pediu até abertura de investigação no Ministério Público (arquivada pelo promotor), Bruno se referia ao jornal A Tribuna.
“Falaram nesses jornais que estavam morrendo pessoas por não terem sido atendidas [no AME]. Deixa eu dizer uma coisa pra você população: lá não é uma unidade de pronto atendimento. Então acho que estão invertendo valores. Precisam aumentar a demanda do AME (SIC)? Vão no governador e peçam mais exames lá”, sugeriu, misturando demanda com capacidade de atendimento.
Antes do vereador manifestar uma ligeira mudança de opinião, o diretor do antigo DRS (Departamento Regional de Saúde) já tinha admitido que havia filas. “As filas sempre vão existir, mas a gente precisa fazer um gerenciamento melhor dessas filas”, disse ao jornal, o médico Guilherme Pinto Camargo durante visita a Jales.