Um empresário estabelecido na Rua Onze procurou a nossa reportagem para relatar a demora na coleta de papelão na área central da cidade. “Não sei se o preço do papelão caiu muito e perderam o interesse ou se aconteceu outra coisa, mas não estão recolhendo o papelão”.
Segundo ele, na semana passada, ele mesmo usou o seu veículo de carga para recolher o papelão e da finalidade ao material que é reciclável. “Disseram que ouve um problema no caminhão, mas hoje está novamente acumulado aí. Como pode ser uma cidade que acolhe desse jeito?”.
Testemunhamos que em frente ao estabelecimento dele havia várias caixas de papelão acumulados e na esquina da Rua Onze com a Oito também havia mais caixas, porém, em quantidade menor.
Procuramos a Secretaria de Meio Ambiente, responsável pelo setor. A secretária Sandra Gigante explicou que até bem pouco tempo atrás o papelão era recolhido também por catadores independentes, mas a queda no preço do material afastou-os e a Coopersol não está conseguindo atender toda a demanda.
Segundo ela, nem mesmo o material que a cooperativa recolhe está conseguindo despachar e boa parte permanece acumulado nos galpões da cooperativa.
Por outro lado, a secretária sublinha que os comerciantes precisam atender os horários de disposição do papelão e outros materiais recicláveis.
“O problema é que o empresário que descarta esse tipo de material descarta o dia todo. Ele sabe que o caminhão só passa após as 18 horas, mas fica descartando durante o dia todo. Aí não tem quem dá conta. Só se tivesse um funcionário para cada empresário. Eles têm horário para colocar o lixo na rua. É após as 18 horas! Se colocar antes disso, provavelmente vai ficar lá, porque não temos caminhões para ficar passando toda hora”.
Presidente da Coopersol faz apelo a respeito aos horários
A presidente da Coopersol, Vânia da Silva, usou as redes sociais para explicar a situação e fazer um apelo aos comerciantes que respeitem os horários de descarte de papelão e outros recicláveis.
“Quero dizer que estamos sim fazendo a coleta de reciclagem na cidade, e infelizmente o comércio não tem colaborado e respeitado seus descartes. Eles colocam papelão na frente de suas lojas o dia inteiro. Outro dia eu mesma estava de motorista no caminhão e passei um pente fino no comércio. Uma hora depois estava tudo com papelão novamente”.
Vânia confirmou a crise no preço do papelão e a dificuldade de escoar o material. “Estamos enfrentando uma crise nacional e aumentou muito a coleta para nós, praticamente sem valor nenhum, mas, ainda assim, estamos nos desdobrando com o número reduzido de cooperados pois muitos abandonaram o barco por causa do rateio de salário. Peço a população que tenham consideração pois há anos fazemos esse trabalho de grande importância e os catadores autônomos sumiram todos, mas nós estamos aqui, mesmo com salário baixo. Trabalhando, lutando dia após dia para manter pelo menos o alimento de cada um sem luxo”, disse.
“Se saísse uma lei com dia e horário para ser colocado o papelão na rua, eu me responsabilizo a colocar o caminhão fazendo a retirada. Mas tem que ser um único horário porque o dia inteiro não conseguimos pois temos uma cidade inteira para coletar”, prometeu.