A Polícia Civil apreendeu na manhã de quarta-feira, 7, R$ 1,3 milhão em dinheiro na casa de um proprietário de uma rede de postos de combustíveis de Rio Preto, por suspeita de participação em um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas de uma organização criminosa de Passo Fundo (RS).
Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Rio Preto. Além da casa do empresário, os mandados foram em residências em condomínios de alto padrão e em escritório ligados a ele, mas ninguém chegou a ser detido em Rio Preto durante a operação.
Deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, a Operação “Fim da Linha – do Oiapoque ao Chuí” cumpre 383 mandados de busca e apreensão, em 22 estados brasileiros. Destes, quatro foram cumpridos em Rio Preto. Não há informações sobre materiais apreendidos na cidade.
Segundo informações da Polícia Civil de São José do Rio Preto, a ação de quarta-feira foi para desarticular o esquema de organizações criminosas que utilizam firmas fantasmas e empresas legalizadas para fazer a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.
“Essa operação envolve 50 mandados só no estado de São Paulo. Aqui em Rio Preto foram cumpridos quatro”, explicou o delegado Ricardo Afonso Rodrigues, da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Rio Preto.
Segundo o delegado Diogo Ferreira, titular da Draco de Passo Fundo, a partir de empresas fantasmas, montadas com documentos de laranjas, foram “lavados” R$ 400 milhões.
“Era uma cadeia bem estruturada de lavagem de dinheiro que ia para quase todos os estados. E neste caminho nos deparamos com essas empresas de Rio Preto que receberam significativos valores de empresas fantasmas, que só existem no papel”, disse o delegado, que não soube precisar qual a quantidade de dinheiro enviado para a empresa de Rio Preto.
“Por exemplo, às vezes, uma das empresas (de fachada) do Mato Grosso do Sul, de internet, mandava dinheiro para todos os entes (empresas) de outros estados, sem ter qualquer ligação (de trabalho)”, explica o delegado.
Para identificação das empresas suspeitas, a Polícia Civil fez cruzamento de dados bancários aliado a documentos apreendidos nas três edições anteriores da operação.
O dinheiro recolhido com o empresário foi contado por uma máquina na sede da Deic. Depois, ele foi depositado em uma conta judicial, onde permanecerá até o final das investigações. Caso nada seja provado, o montante deve ser devolvido.
Os documentos contábeis apreendidos serão enviados de Rio Preto para análise pericial pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Desde o começo das investigações, foram presas 65 pessoas e apreendidos 720 quilos de maconha e 26 quilos de cocaína, além da apreensão de dezenas de veículos e bloqueios de contas bancárias. Diversos investigados permanecem presos desde a primeira fase da operação.
Defesa nega participação
O advogado da rede de combustíveis de Rio Preto, Edlênio Barreto, nega as acusações de envolvimento de seus clientes com a quadrilha de tráfico de drogas e critica a operação. “Trata-se de um assassinato de reputações. Os meus clientes não têm qualquer relação com essa operação. Eles só foram envolvidos por conta de um depósito que caiu na conta deles. Temos, inclusive, documentos e contratos que comprovam o motivo deste dinheiro ter entrado na conta. Eles não sabem nada desse processo, não conhecem as partes, não conhecem os envolvidos”, conclui.