Uma reunião no Centro Cultural “Dr. Edílio Ridolfo” na manhã da quinta-feira, 1º de junho, entre a Elektro e as empresas provedoras de internet que atuam em Jales, iniciou o trabalho de limpeza dos postes de energia elétrica da cidade. A companhia prefere falar em “regularizar” a situação, uma vez que a meta é retirar os cabos em desuso, os instalados por empresas irregulares ou sem autorização, e reajustar os cabos fora da altura padrão.
Além dos representantes da Elektro, a reunião também contou com a participação de representantes da VIVO, das provedoras de internet, dos vereadores Bismark Kuwakino, Riva Rodrigues, Andrea Moreto e João Zanetoni, dos secretários de Obras, Manoel de Aro, e de Governo, Wellington Lima Assunção, além do procurador geral, Benedito Dias da Silva Filho, e o presidente do Conseg (Conselho de Segurança), Roberto Vieira Lima.
O objetivo do encontro foi estabelecer um plano para remoção dos cabos em desuso ou irregulares. Para isso, a Prefeitura dividiu a cidade em 22 setores e vai definir, com o grupo, quais os setores prioritários para estabelecer um cronograma de trabalho. Inicialmente, o processo deve levar aproximadamente um ano e meio.
O secretário de Obras ressalvou que a Prefeitura está apenas dando apoio à Eletro para ajudar a viabilizar a organização da fiação. “A Municipalidade está apoiando a concessionária, pois entendemos que a responsabilidade de fiscalização é da Elektro”.
Ficou definido que uma nova reunião será realizada no dia 15, às 15 horas. Serão convidados outros setores sugeridos pelos participantes, como a Polícia Militar e a Civil, as secretarias de Meio Ambiente e Mobilidade Urbana (para tratar do tráfego de caminhões altos).
Também foram definidas missões iniciais que devem ser cumpridas por cada uma das partes. À Elektro cabe a tarefa de criar um meio de comunicação entre eles, as provedoras e a Prefeitura. Provavelmente um grupo de WhatsApp onde poderão ser informadas ocorrências pontuais. Para a Prefeitura coube dividir a cidade em 22 setores, e levantar os níveis de criticidade de cada setor para priorizar qual vai ser atacado primeiro. Para os provedores ficou a tarefa de organizar uma equipe de mutirão para fazer as regularizações dos setores e atuar no transcorrer de situações pontuais que forem identificadas.
“O objetivo é fazer a regularização das instalações para dar segurança para os usuários em primeiro lugar, com menor poluição visual e ordenação nas instalações. Para isso, as medidas serão tomadas, como identificação dos cabos e retirada dos ociosos e irregulares e regularização da altura correta. Os irregulares serão notificados e retirados”, disse Manoel.
“Esse processo está sendo acompanhado pela sociedade e por vários, órgãos, como Câmara, Ministério Público, Prefeitura etc. Vamos dar o apoio no que puder para ajudar no realinhamento das formas de trabalho e condutas para viabilizar esse projeto. Demanda tempo mas os ajustes necessários serão feitos”.
RESPONSABILIDADES
O vereador Riva Rodrigues, que também é loteador, destacou que as empresas de telefonia não removem os cabos de linhas que foram desativadas das residências. “A maioria das linhas residenciais foram desligadas há tempos e os fios continuam nos postes. Sabemos que isso tem custo e gostaria de saber quanto a Elektro vai investir nisso, porque não é só cobrar. A Elektro recebe das empresas que usam os postes e esses postes ela recebeu de doação. A Elektro tem que dar a contrapartida”.
A vereadora Andrea Moreto comentou sobre a necessidade de substituir os cabos periodicamente, pois os materiais têm vida útil e podem se romper e causar acidentes na via, como o que vitimou a motociclista Vanessa Negrão, que ficou paraplégica, depois que prendeu o pescoço em um fio solto na Avenida Francisco Jalles.
Os representantes das empresas apresentaram várias reivindicações e sugestões, e relataram as dificuldades para descartar os fios inutilizados.
Bagunça na fiação já foi discutida na Câmara, Ministério Público e neste jornal
Pode parecer, mas a reunião solicitada pela Elektro não foi uma singela e espontânea iniciativa de boa vontade da concessionária. Foi preciso muita pressão para que alguma medida fosse tomada. Há ano o problema dos cabos soltos, frouxos e abandonados nos postes ou pelas ruas da cidade tem incomodado a população e causado acidentes, alguns gravíssimos.
No ano passado, o tema, que já tinha sido atacado por Leis Municipais, foi alvo de requerimentos na Câmara e até de representação enviada pelos vereadores ao Ministério Público.
Os parlamentares pediram ao Mistério Público que interceda para obrigar a Elektro a regularizar a situação dos fios soltos e sem identificação nos postes da rede elétrica nas ruas e avenidas de Jales. “Solicitamos a adoção de medidas urgentes para que seja solucionado este descaso das concessionárias de energia elétrica, sobretudo da Elektro, no âmbito de Jales, que está colocando em risco a vida dos munícipes, a fim de que seja cumprida integralmente a Lei Municipal nº 4.852/2019, alterada pela Lei nº 5.159/2021, sem prejuízo da tomada de outras medidas legais cabíveis em benefício do interesse público”, pediram os dez vereadores.
Na representação, eles explicam que em 2018 foi aprovada uma lei que obriga a concessionária/permissionária de energia elétrica a realizar manutenção, conservação, remoção, substituição, alinhamento e retirada, sem qualquer ônus para a administração, de fios inutilizados ou em desuso dos postes de energia elétrica localizados no Município. Entretanto, conforme relatos de diversos jalesenses, a presente Lei não vem sendo cumprida no âmbito de Jales, sobretudo pela Elektro, “o que tem colocado a vida de diversos munícipes em risco”, segundo eles.
NINHO DE MAFAGAFOS
Em 15 de março, o jornal A Tribuna publicou extensa matéria sobre a bagunça que se tornou a fiação nos postes das ruas e avenidas de Jales. Com o título “Sem fiscalização, fiação nos postes vira terra de ninguém”, a reportagem mostrou com fotos e texto a situação dramática e perigosa de fios soltos, frouxos e em desuso.
“O problema existe em todos os pontos da cidade, nos bairros e no Centro, e quanto maior a densidade demográfica do bairro, maior a quantidade de fios nos postes e maior os fios abandonados, rompidos ou soltos. A situação é de inegável abandono. A Câmara faz leis, a Prefeitura não fiscaliza, as empresas ignoram e a população padece sob risco. A impressão é que qualquer leigo coloca cones para impedir o tráfego numa via, encosta uma escada e puxa um cabo que depois fica abandonado contando o tempo para se romper e causar acidentes graves”, disse.
A empresa, por sua vez, jura que mantém “constantes manutenções no seu sistema de distribuição, por meio de fiscalizações de todos os equipamentos da rede elétrica instalada, evitando assim problemas com o fornecimento de energia elétrica”.