As manifestações contra o resultado da eleição presidencial que fecharam rodovias na região durante pelo menos dois dias não resultaram em Boletim de Ocorrência contra os organizadores ou participantes. Essa será a resposta da Polícia Civil ao despacho do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em despacho datado de 7 de novembro, última segunda-feira, Moraes solicitou às polícias civis e militares dos estados, bem como a Polícia Federal e à Polícia Rodoviária Federal, o envio de todas as informações sobre a identificação dos veículos que participaram ativamente dos bloqueios e nas manifestações em frente aos quartéis das Forças Armadas, assim como os dados dos respectivos proprietários, pessoas físicas ou jurídicas.
O ministro também determinou que as autoridades policiais informem se identificaram “líderes, organizadores ou financiadores, dos atos antidemocráticos, com remessa dos dados e providências realizadas”.
O prazo estipulado pelo ministro era de 48 horas, mas a reportagem do jornal A Tribuna apurou que a resposta será negativa, visto que as visitas da Polícia Rodoviária aos manifestantes não teria resultado em Boletins de Ocorrência nem autuações.
Com foi noticiado na nossa edição do fim de semana passado, na segunda, terça e quarta feiras (31 de outubro,1º e 2 de novembro), houve bloqueios em duas rodovias na área de jurisdição da Delegacia Secional de Polícia de Jales. Os manifestantes bloquearam a Euclides da Cunha em Jales e Santa Fé do Sul, e a Eliezer Montenegro Magalhães, em Jales. A polícia esteve nos locais e convenceu os manifestantes a desbloquearam a passagem de veículos.
Em Jales, os organizadores não aparentavam preocupação em se esconder. As convocações eram feitas em áudios e vídeos distribuídos em grupos de WhatsApp e por mensagens diretas no Facebook. Um conhecido advogado bolsonarista que encabeçou outras manifestações contra as medidas de restrição da Covid-19, o proprietário de uma rede de postos de combustíveis, um empresário do ramo de transportes e uma empresária do ramo de publicidade audiovisual, além de um vereador, atuaram intensamente nos bloqueios. Em alguns casos fazendo convocação, pedindo doações, chamando as pessoas para os locais de concentração, fornecendo equipamentos de som, alimentação e até debatendo com os policiais que tentaram desbloquear a rodovia.
Na segunda-feira, 7, os manifestantes voltaram a interditar a rodovia Euclides da Cunha na altura do km 625 em Santa Fé do Sul. Dessa vez, eles usaram estratégias mais agressivas, jogando terra na pista e ateando fogo em carcaças de automóveis. A polícia compareceu com um contingente mais reforçado e usou o helicóptero águia e um caminhão-pipa do Corpo de Bombeiros, indicando que estava disposta a usar jatos de água para dispersar os manifestantes.