O nosso Personagem da Semana é quase um patrimônio do Consirj (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Jales), órgão formado por 16 municípios da região e que administra serviços de saúde na UPA, SAMU, Centro de Diagnóstico por Imagem, CEO (Centro Ondontológico) entre outros. Brigitão, como é chamado pelos amigos, é diretor administrativo do Consirj e teve o privilégio de ver o surgimento do órgão que mudou a história da saúde nos municípios que o compõem. São associadas ao consórcio Aparecida d’Oeste, Aspásia, Dirce Reis, Dolcinópolis, Jales, Marinópolis, Mesópolis, Palmeira d’Oeste, Paranapuã, Pontalinda, Santa Albertina, Santa Salete, Santana da Ponte Pensa, São Francisco, Urânia e Vitória Brasil
Brigitão estava presente numa reunião para constituição do consórcio, em novembro de 2001, da qual o então prefeito José Carlos Guisso saiu para conceder uma entrevista em Fernandópolis e nunca mais voltou.
A TRIBUNA: você ajudou a fundar o Consirj, então está aqui desde o começo?
BRIGITÃO: Estou desde 2001 e acompanhei o processo de formação, as reuniões, e fui nomeado como diretor administrativo desde a fundação. Depois fui para o consórcio da região de Santa Fé do Sul e voltei para Jales no começo do mandato anterior, em 2017, e estou até agora.
A TRIBUNA: Atualmente o Consirj tem quantos funcionários?
BRIGITÃO: Tirando os médicos e os dentistas, que são terceirizados, temos 145 funcionários em todos os órgãos.
A TRIBUNA: O concurso é para quantas vagas?
BRIGITÃO: Para 20 vagas para todos os órgãos do Consirj. Os nossos funcionários são contratos via CLT.
A TRIBUNA: E isso vai suprir a necessidade atual?
BRIGITÃO: Inicialmente sim porque temos reservas de vagas e a gente vai chamando conforme a classificação do pessoal. O prazo é de dois anos prorrogáveis por mais dois anos. Atualmente temos sete técnicos de enfermagem que estão contratados de forma emergencial até dezembro por conta da demanda gerada na pandemia de Covid-19. O contrato deles vence agora e precisaremos contratar servidores efetivos para suprir essas vagas.
A TRIBUNA: E o atendimento diminuiu mesmo com o fim da pandemia e do Estado de Emergência?
BRIGITÃO: Sim, diminuiu bastante. Pra se ter ideia, na pandemia atendíamos em média 320 ou 340 pessoas por dia. Agora voltamos ao nível de antes da pandemia e estamos atendendo 235 por dia. Isso é considerado quase normal. Sem a Covid a média é de 220 porque ainda aparecem alguns casos de síndromes gripais.
A TRIBUNA: Com isso diminuíram as reclamações também?
BRIGITÃO: Sim. As pessoas ficam muito desesperadas e sem paciência. Mas elas precisam entender que o Consirj não atende somente pacientes de Jales. São 16 municípios no total, então é bastante gente.
A TRIBUNA: Quantos médicos no total?
BRIGITÃO: Temos seis médicos. São três durante o dia e mais três à noite. Só que à noite fica um das 19 até meia-noite e depois ficam dois até as 7 horas. Nesse horário diminui um pouco a demanda, então não tem necessidade de manter os três juntos. No fim de semana também aumenta um pouco a demanda porque há o fechamento das unidades de Saúde nos municípios que a gente atende. Principalmente nos finais de semana prolongado.
A TRIBUNA: Me parece que nem todos os municípios entendem exatamente como é o funcionamento do Consirj e para que ele serve. Então, às vezes um atendimento que poderia ser feito lá, eles mandam para o Consirj resolver. Estou certo?
BRIGITÃO: Às vezes acontece, Raramente, mas acontece. Vamos supor:? Um município que não tem o Raio X, e a maioria não tem, quando acontece um caso grave, eles encaminham para a UPA de Jales. Se chegar aqui e não for um caso de internação, nos devolvemos para o município e lá eles jogam no CROS (Central de Regulação de Vagas) que vai buscar a vaga na Santa Casa. Agora, quando o paciente chega aqui, o médico faz o Raio X e detecta que é um caso grave, aí nos encaminhamos direto para a Santa Casa. É esse o fluxo, mas isso deve mudar em breve, Está em estudo na Secretaria de Saúde e o DRS XV um novo sistema que vai dar mais agilidade. No caso de o paciente chegar aqui e não for caso grave, em vez de voltar sem agendamento para o município dele procurar vaga, daqui mesmo a gente já vai buscar a vaga no CROS e já vai sair daqui com o agendamento. Isso vai diminuir custos e agilizar. O processo já está em andamento.
A TRIBUNA: E melhorou a questão de internações na Santa Casa? O pessoal reclamava muito que ficava esperando horas para conseguir internação.
BRIGITÃO: Tempos atrás tinha muito tumulto, principalmente na pandemia. Não tinha vaga em lugar algum do Brasil. Depois melhorou, foi acertando. É só num caso muito raro que acontece porque ás vezes a Santa Casa também está lotada a emergência, mas logo que desocupa, abre a vaga. Só que a gente tem uma estrutura muito boa aqui na UPA, dá pra segurar um paciente estabilizado aqui até por 24 horas. Quando é um caso muito grave, a gente não encontra problema para internar, a Santa Casa tem aceito e temos uma boa comunicação com eles.
A TRIBUNA: Em janeiro, vai mudar o governador, vocês têm receio de que mude alguma coisa também na relação com a Secretaria Estadual de Saúde ou DRS, por exemplo?
BRIGITÃO: Para nós, eu acho que não. Já estamos aqui há muito tempo e já passamos por vários prefeitos, vários governadores, vários presidentes e o sistema continua. A UPA depende de verba federal, por exemplo, então acho que não vai mudar muita coisa, não. Temos o pedido pra instituir o CAPS AD (álcool e drogas) para melhorar o atendimento que às vezes exige mais que os outros e até ambiente diferente. Estamos avançando.
A TRIBUNA: Avançando no sistema, no material, equipamentos?
BRIGITÃO: Olha na questão do município, o prefeito Luís Henrique, que é presidente do Consórcio, adquiriu dois aparelhos novos, um de endoscopia que tinha mais de 15 anos de uso, e um de Raio X. E o Consirj adquiriu um aparelho de ultrassom novo. Todos já estão em funcionamento e atendendo os pacientes. Os aparelhos que a Prefeitura comprou custaram mais de R$ 500 mil. O de Raio X é 100% digital e vai realizar uma média de 1.500 exames por mês, com imagens mais nítidas e mais seguras. Tudo sem a necessidade de imprimir chapa, revelação etc. Agora é direto no computador. O Raio X sai na tela do computador e, se precisar internar o paciente, o médico já manda o exame por e-mail direto para o hospital. Muito mais rápido e barato. A economia e a praticidade são muito grandes.
Inclusive, eu gostaria de agradecer muito a Santa Casa que durante um mês fez o atendimento de exames em caráter de urgência para que a nossa sala de Raio X pudesse passar pelas adequações necessárias e a instalação do novo equipamento.
Também estamos em processo de informatização de toda a UPA. Estamos dependendo do concurso. Se der tudo certo, em janeiro esperamos estar chamando os aprovados.
A TRIBUNA: Os municípios estão em dia ou costumam reclamar do que precisam pagar?
BRIGITÃO: Somamos todos os gastos do mês e dividimos conforme a cota de participação de cada município. Cada um participa com o percentual relativo à sua população. Então quem tem uma população maior participa com mais e vice-versa. Por acordo, nove deles têm a mesma cota.
A TRIBUNA: Então podemos dizer que o sistema de consórcio funciona? Traz benefícios para a população dos municípios?
BRIGITÃO: Sim e funciona porque os prefeitos compreenderam que é positivo e eles colaboram, não tem ninguém atrasado. Isso faz com que a nossa administração também esteja em dia e possamos avançar.