A TRIBUNA: Quando a Adriana Campos (ex-secretária) deixou o cargo por problemas pessoais, você estava preparada para assumir a pasta ou foi uma surpresa?
MARYNILDA: Não, eu nunca quis assumir a Secretaria de Educação porque eu sabia que essa é uma Secretaria pesada. Tem 580 funcionários e a Prefeitura tem uns 1200, então a Secretaria tem metade dos funcionários municipais. É a mesma quantidade de uma prefeitura de município menor, como Vitória Brasil ou Pontalinda. É uma outra prefeitura. E os problemas não param. E na campanha eu prometi que eu iria trabalhar na prefeitura, iria atender as pessoas, acompanhar…, enfim, eu achei até que juridicamente não poderia, mas trouxeram uma legislação que dizia que “o vice auxiliará o prefeito sempre que convocado para missões especiais” e esta era uma missão especial.
A TRIBUNA: Foi mais ou menos quando a Secretaria pegou fogo?
MARYNILDA: Nós tomamos posse em janeiro e o incêndio foi em fevereiro. Eles não tinham para onde ir e eles foram para a escola Elza Pirro, que teve um laboratório ocupado, e algumas coisas foram lá para a antiga sede da ADERJ. Foi então que começaram a procurar prédio. Até porque a antiga sede da Secretaria estava até insalubre. Procuramos vários prédios, mas o aluguel era muito caro e nós tínhamos assumido o compromisso de fazer economia em aluguéis. Foi então que eu pedi apoio das outras secretarias e fizemos com o nosso próprio pessoal, não contratamos empresa nenhuma e economizamos bastante. Reformamos tudinho e agora tem sala de reunião, refeitório, sala de espera, sala da secretária, e não fizemos salas fechadas, o salão ficou do tamanho que ficou e colocamos ilhas para cada setor. Tem uma ilha para o transporte, outra para a merenda, para a educação infantil fundamental e supervisão. É um conceito moderno sem portinha fechada. Você entra e vê todo mundo. Além de um auditório para 50 pessoas e um depósito.
A TRIBUNA: Foi igual à reforma do programa do Luciano Huck?
MARYNILDA: Isso, foi rapidinho. Ficou um ambiente bem agradável e espaçoso.
A TRIBUNA: E você está conseguindo conciliar as duas funções?
MARYNILDA: O certo seria eu ficar lá direto porque a Secretaria exige bastante, mas como eu faço com o pessoal que eu prometi que ficaria aqui na Prefeitura atendendo? Então eu fico aqui na Prefeitura e quando tem algum problema, eu vou pra lá ou as meninas vem pra cá e a gente vai resolvendo. Na verdade, a gente tem uma equipe muito boa e competente. Temos 2 coordenadoras do infantil, 2 do fundamental, 4 supervisoras, pessoal do transporte, merenda, em cada EMEI temos uma supervisora e em cada escola temos um diretor e um coordenador, então está muito bem estruturado, tanto é que o IDEB foi muito bom.
NOTA: Os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021 e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2021, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no dia 16 de setembro, mostraram que Jales superou novamente as médias estadual (6,3) e nacional (5,8). A nota total de 6,7 alcançada por Jales ficou à frente de cidades da região como Santa Fé do Sul (6,5); Fernandópolis (6,4); Votuporanga (6,2); Andradina (6,0) e Olímpia (6,3). Com a pontuação alcançada, Jales se manteve também a frente da média da Região Sudeste (6,1).
A TRIBUNA: E vocês já estavam esperando este resultado tão bom?
MARYNILDA: Não, a gente estava preocupado porque houve a pandemia e foi tudo remoto. Muitos alunos não tinham celular ou os pais não estavam em casa para acompanhar. Eu acredito que o professor evoluiu uns dez anos porque ele teve que aprender [as novas tecnologias]. Pra mim, acho que esse período foi muito mais difícil para o professor do que para o aluno.
A TRIBUNA: Ficou claro que os professores não estavam preparados para lidar com as novas tecnologias e com outros métodos. Você acha que eles vão aproveitar esse conhecimento que adquiriram?
MARYNILDA: Eles vão manter, mas eu acho que o contato com o aluno é essencial. Eu digo que foi um período em que os pais mais valorizaram o professor. Principalmente alfabetização, que você faz com socialização com os demais, fazendo inteiração e em casa é muito difícil. Os pais passaram pela experiência de ensinar e viram como é difícil. Apesar do que, se os pais não tivessem feito esse trabalho em casa, nós não teríamos esse resultado no IDEB. O meu discurso é que os professores estão de parabéns, mas os pais também porque se não fizessem a parte deles…
A TRIBUNA: E a questão dos ônibus, está resolvida? O município rompeu um convênio de fornecimento de merenda para a rede estadual e o governo em represália retomou os ônibus que tinha cedido para o município. Eles estão fazendo falta?
MARYNILDA: Sim, está resolvida. Na rede municipal, não tem problema nenhum, tudo tranquilo. Os ônibus que a gente tem dá pra atender os alunos do município. Os problemas que são registrados são no transporte da rede estadual.
A TRIBUNA: E a merenda está normal?
MARYNILDA: A mesma coisa. Continua tendo problema com o transporte do Estado e com a merenda. Parece que eles estavam dando bolacha, suco, não estavam dando a refeição. A nossa merenda do município é arroz, feijão, carne, fruta…está normal. Graças a Deus, merenda e transporte que desvinculou do Estado, estão muito melhor do que era antes. As crianças do município fazem cinco refeições por dia. Quem não está satisfeito são os pais dos alunos do Estado.
A TRIBUNA: Vocês, inclusive, estão conseguindo fazer reformas em algumas escolas.
MARYNILDA: Sim, já foi licitado na EMEI Aparecido Tadeu, na Dercílio de Carvalho, pra Diva, Jacira e Iracema. E a Vera, onde era a Casa da Criança, já fizemos a planta. O grande problema na época era a instalação elétrica, e o piso, mas tinha muita coisa deteriorada, que a Prefeitura não poderia intervir porque era um prédio alugado. As pessoas questionam por que compramos esse prédio e vamos reformar. Acontece que no fim do ano passado, o município não tinha alcançado o teto de 25% do orçamento para investimento obrigatório em Educação. E nós tínhamos que sair desse prédio, encontrar ou construir um outro. Não dava tempo. Aí, compramos o prédio e fechou a conta. Vai continuar sendo a EMEI.
A TRIBUNA: E os uniformes?
MARYNILDA: Foram entregues 19 mil peças de uniformes. Temos 4 mil alunos na Rede Municipal. São 1.700 alunos de zero a três anos e de quatro a cinco anos, e no Fundamental dá uns 2.400. São dois conjuntos de uniformes para cada um, somente relativos a 2022. Já compramos mais 19 mil para o ano que vem. Acho que foi uma das coisas mais acertadas porque todo ano dava problema e dessa vez o Luís Henrique pediu pra fazer dessa foram e não vai faltar. Tem gente questionando que a gente entregou agora e vai entregar novamente em fevereiro. Sim, vai entrar criança nova, vai ter transferência. Também houve questionamento de pais de alunos que estão no último ano. Nesse caso, pode passar para outros alunos. Vai na escola e doa. O que não poderia era deixar o aluno do último ano sem uniforme.
A TRIBUNA: Demorou um pouco para serem entregues, né?
MARYNILDA: Sim, mas houve problemas na licitação. A empresa que ganhou não tinha a cor e as especificações do edital. Aí recorremos à segunda colocada, que também não conseguiria atender. Só a terceira empresa pôde fornecer nas especificações e na quantidade que estava no edital. E isso tudo exige prazo para notificação, recurso, etc, que a lei exige. Não é como uma empresa particular. Existem leis que precisamos cumprir.
A TRIBUNA: Então o seu balanço é positivo?
MARYNILDA: Graças Deus, a Educação está…eu posso dizer com missão cumprida. Eu achei que podia morrer quando concorri para vereadora e tive 829 votos porque vi que as pessoas reconheceram o meu trabalho na Educação. Depois quando fui eleita, eu falei: tá aí mais um reconhecimento. E agora, eu vice e ainda secretária da Educação e com sede própria, nota boa no IDEB, um quadro maravilhoso na rede, enfim, tem sempre um coisa boa pra vir mesmo que a gente esteja satisfeita.