O nosso Personagem da Semana é um caso raro na administração pública. O engenheiro civil Manoel Andreo de Aro está ocupando o cargo de secretário de Obras pela quarta vez e sob o quarto prefeito. Com MBA (Master Bussines Administration) em Gestão de Projetos, o secretário diz que é preciso levar a política em conta, mas que sempre prioriza o fator técnico que a função exige. Quem o conhece sabe que a longevidade no cargo é resultado da competência e sólida formação acadêmica, mas também à prestatividade, humildade e bom trato com a imprensa, vereadores e comunidade em geral.
A TRIBUNA: Esta intercessão por quatro mandatos de políticos com perfis totalmente diferentes mostra que você é independente de política, não é mesmo?
MANOEL DE ARO: Estes quatro administradores foram pra mim pessoas incríveis. Eles me deram oportunidade de trabalho e deram a oportunidade de exercer a minha função na minha terra natal porque eu estava onze anos trabalhando na iniciativa privada fora de Jales, então voltar a trabalhar dentro de uma prefeitura do porte da de Jales, na minha terra natal é uma coisa que eu tenho que agradecer os quatro, de verdade.
A TRIBUNA: Estamos passando por um período bem intenso de obras. Não me lembro de um período tão volumoso de obras como o atual.
MANOEL DE ARO: Exatamente. É público e notório que o volume de recursos angariados pelo prefeito Luís Henrique extrapola a média recebida nos outros anos. Apenas pela Secretaria de Obras foram quase R$ 29 milhões, somente em obras. Isso dá um total de mais de 30 obras que incluem um processo extenso porque a obra pública ela requer trabalho não apenas na execução propriamente dita, mas também na licitação, prestação de contas, aditivos de valores, contrato, etc. Isso vai resultar em um legado importante para a cidade.
A TRIBUNA: Isso exigiu de você alguma formação adicional na área de gestão pública?
MANOEL DE ARO: Eu tenho MBA em gestão de projetos e lembrei bastante do curso, das lições, dos professores, recorri ao material que eu tenho, isso foi muito importante. Mas a administração pública remete a situações que tratam da relação interpessoal mesmo, relação com os servidores, com a equipe. A ferramenta do dia-a-dia é fundamental porque é ela que ensina a trabalhar.
A TRIBUNA: Recentemente houve uma polêmica sobre contratação de funcionários e ficou bem claro que a Secretaria de Obras tinha déficit de servidores, principalmente engenheiros. Conseguiu contratar esse funcionário, supriu essa falta?
MANOEL DE ARO: Sim, conseguiu. Evidentemente que nós ainda não estamos em número ideal. Mas o nosso desafio como gestor é fazer o máximo com o mínimo. Temos muita responsabilidade na gestão do erário, dos recursos financeiros. Para termos o número ideal de funcionários e equipamentos, teríamos que despender de um recurso muito grande. Temos a responsabilidade primária de executar com as ferramentas que temos. Mas já melhorou muito, houve um aumento expressivo de técnicos e em alguns setores até dobrou.
A TRIBUNA: As pessoas não entendem muito a diferença entre obra pública e privada. Ultimamente tem sido feita uma comparação entre o viaduto da RUMO e a ponte da Rua Dezenove.
MANOEL DE ARO: Uma empresa privada tem exigências diferentes. Por exemplo, nem sempre eles contratam a construtora mais barata e isso dá uma liberdade de rapidez. Inclusive podem contratar uma mesma empresa para executar um pacote de obras em diversos locais. Uma empresa pública, não. Nós precisamos obedecer procedimentos previstos na legislação que nos limitam na questão dos contratos. Na ponte da Rua Dezenove, houve algumas intercorrências e a municipalidade não pode apenas agir, realizar o serviço primeiro para depois perguntar. Precisamos sempre consultar o órgão gestor. Temos que enviar a documentação técnica e esperar eles analisarem e responder pra poder saber se podemos continuar daquela forma ou não. No caso da ponte é a Defesa Civil. Mas temos uma expectativa de que dentro uns 50 dias ela esteja liberada para o trânsito. Se não houver nenhuma chuva forte. Tivermos algumas perdas de serviço por causa da chuva desta semana, mas vamos recuperar.
A TRIBUNA: E a Avenida Paulo Marcondes, como está o andamento?
MANOEL DE ARO: É uma obra fantástica que vai impactar toda a comunidade no seu entorno. Inclui galerias de grande porte, infraestrutura, iluminação ornamental em led de alta potência, recuperação de 100% da pavimentação asfáltica que será completamente trocada em alguns pontos. E nós já avisamos a todos os empresários que nos procuraram que todos serão atendidos. Nenhum ficará de ter o seu pleito atendido. O que acontece é que sempre conseguimos atender no tempo que eles querem. É importante lembrar que a obra ainda não acabou. Todas as reivindicações terão um equilíbrio, um ajuste para ser atendido. Todas as mudanças precisam ser comunicadas ao órgão gestor. Somos sensíveis às necessidades de cada um e acolhemos individualmente a todos eles.
A TRIBUNA: Obra é igual cirurgia plástica, não é mesmo. Primeiro fica bem feio pra depois ficar bonito e a gente ter orgulho de mostrar.
MANOEL DE ARO: É exatamente o que aconteceu com a praça Dr. Euphly Jalles. Quantas vezes tivemos que ir à imprensa explicar para as pessoas. Tivemos que conscientizá-las que as obras são feitas para trazer melhorias [e não para piorar a vida da população]. E realmente, depois que os tapumes foram retirados, a população passou a ter um espaço de lazer seguro, confortável e que é referência. É um exemplo clássico e é isso que pretendemos com a Avenida Paulo Marcondes.
A TRIBUNA: E a reforma da Praça João Mariano de Freitas?
MANOEL DE ARO: A área das duas praças é exatamente a mesma, mas os recursos são muito diferentes. Na praça Dr. Euphly Jalles, incluindo o palco que está sendo construído, tivemos mais de R$ 2 milhões de investimento. Já na praça João Mariano de Freitas temos R$ 615 mil. Então não vamos conseguir fazer uma intervenção no mesmo nível. No entanto, a segunda praça tinha uma demanda que ninguém via que era de instalações elétricas que estão obsoletas e precisam ser modernizadas. Ela vai receber um projeto de iluminação muito robusto. Isso vai consumir uns R$ 400 mil da verba total, mas haverá intervenções de acessibilidade em diversos pontos e nos banheiros. Estamos em fase de projeto. Uma intervenção importante vai ser na face da Avenida Francisco Jalles. Vai ser uma área de estacionamento. Infelizmente vamos retirar aquelas árvores maiores que não têm mais garantia estrutural. São seis árvores que passam por cima do estacionamento. Se você reparar, elas sofreram podas drásticas e, pela idade e pela estabilidade, elas não têm mais garantia e a partir disso precisam ser retiradas. Recentemente tivermos a queda de uma árvore grande dentro da praça. A Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente fez um laudo e com base nele que será feita a retirada. São indivíduos da espécie Fícus. Não serão retiradas por causa do projeto, mas porque não têm mais garantia estrutural. Logo atrás delas, há uma fileira de Oitis que não crescem por conta da sombra que os Fícus fazem sobre eles.
A TRIBUNA: Voltando à Praça Dr. Euplhy Jalles, o palco estará pronto para as festas de fim de ano?
MANOEL DE ARO: O nosso pensamento é esse. Já convocamos a construtora e pedimos que o palco esteja em condições para os eventos de Natal, mas evidentemente, as chuvas não podem atrapalhar muito.
A TRIBUNA: Algumas obras não puderam ser iniciadas por causa do período eleitoral. Então no ano que vem deveremos ter muitas obras em andamento, correto?
MANOEL DE ARO: Entre o começo deste mandato até fevereiro do ano que vem, teremos entre 350 e 400 quadras recapeadas. É um volume muito grande. No ano que vem, teremos dois postos de saúde, no Jardim Oiti e no Jardim São Gabriel, temos as reformas das unidades de saúde, reforma da EMEI Vera Lúcia Vilela, duas pistas de skate, duas arenas esportivas e previsão de reforma do viaduto Antônio Amaro, que está estimada em R$ 5 milhões. E a RUMO nos garantiu que até o fim de 2023 o segundo viaduto estará concluído.
A TRIBUNA: Eu vi recentemente uma Indicação de vereadores sobre a construção de uma passagem subterrânea sobre a linha férrea na Rua Madri.
MANOEL DE ARO: Sim, a Câmara ajuda a chancelar os projetos e nós precisamos da ajuda dos vereadores e nós pedidos para a RUMO também. Mas ainda não obtivemos resposta. Está muito precoce ainda e não temos nenhum sinal consistente da concessionária.
A TRIBUNA: E outros projetos?
MANOEL DE ARO: Nós temos em andamento oito bairros em construção mais sete em processo de análise, fora dois projetos já liberados para iniciar, então são dez bairros novos com uma expectativa real de mais de 2 mil lotes e R$ 35 milhões. Isso gera empregos, aquece o setor da construção civil e reduz o preço do aluguel. Outro sinal de aquecimento do setor da construção civil são os mais de 120 pedidos de alvará de construção a cada mês. Então é visível que a cidade está crescendo.