O nosso Personagem da Semana já testemunhou a queda de asteróides e transmitiu a passagem de OVINs sobre os céus jalesenses ao vivo em seu canal no YouTube (Astronomia Mundo Curioso) e na página no Facebook. Possui uma verdadeira coleção de partículas de meteoritos e costuma ser consultado por emissoras de TV, rádios e jornais para comentar eventos como a queda de um bolibo na região. Paulo Cesar da Silva, 34 anos, é embaixador internacional da Astronomia, secretário adjunto da ACILBRAS (Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil), presidente do Instituto de Pesquisas Espaciais Centauri, é astrônomo, palestrante e bacharel em teologia.
A TRIBUNA: Como você iniciou o trabalho na astronomia?
PAULO CESAR: Eu sempre fui um interessado na astronomia e em 2013, quando caiu aquele meteorito em Cheliabinsk, na Rússia, eu comecei a estudar o assunto mais profundamente. Depois me formei nessa área e fiz pré-reitoria em astrofísica na Universidade Federal de Santa Catarina.
A TRIBUNA: Quando cai um meteorito ou acontece algum caso de repercussão, aumenta o interesse também, né? Foi esse o seu caso?
PAULO CESAR: Sim foi o meu caso. A partir daquele momento eu já comecei os estudos e comecei a comprar telescópios e equipamentos. E por incrível que pareça, o primeiro fragmento que eu recebi foi o daquele meteorito.
NOTA: Paulo Cesar mostra vários fragmentos em pequenas caixinhas plásticas, entre eles, o do meteorito que caiu em Cheliabinsk, em 2013, causando m grande estrago e repercutindo em todo o mundo.
A TRIBUNA: Em questão de relíquias a gente sabe que existe um grande comércio de falsificações. Com meteorito também há isso?
PAULO CESAR: Cada meteorito é avaliado por universidades que atestam a sua autenticidade. A universidade analisa e dá uma certificação. Mas tem muito meteorito caindo por aí. Todos os dias, o nosso planeta é atingido por fragmentos que atingem o solo.
A TRIBUNA: Você costuma fazer palestras em escolas? Como é a receptividade dos estudantes? (na quinta-feira, 8, Paulo Cesar levou um telescópio para os estudantes da Escola Estadual Sueli Marin Batista)
PAULO CESAR: Isso, faço palestras gratuitas sobre astronomia, astrofotografia, a parte de tecnologia, foguetes etc. A receptividade é muito boa. As crianças e os adultos interagem bastante.
A TRIBUNA: Você disse que tem planos de montar um observatório em Jales. O que é isso, exatamente?
PAULO CESAR: Hoje nós estamos perdendo diversos observatórios pelo Brasil afora e eu pretendo montar um observatório em Jales. Os custos são altos, mas eu pretendo conseguir parcerias com a Prefeitura de Jales e da região, instituições e universidades porque o objetivo é que seja aberto á visitação do público gratuitamente.
A TRIBUNA: No que consiste um observatório?
PAULO CESAR: Um observatório consiste numa cúpula com telescópio de grande porte que serve para fazer estudos astronômicos, observações de galáxias, nebulosas, planetas, aglomerados para fins de estudos científicos. E também pretendemos montar um planetário, onde será possível entrar e observar os planetas, além de um museu de astronomia, onde teremos exposição dos nossos fragmentos de meteoritos. Temos fragmentos oriundos de diversas partes do mundo, É um grande investimento, mas esperamos que até a metade de 2023, pelo menos o observatório esteja pronto.
A TRIBUNA: O seu canal tem muitas visitas de pessoas de várias partes do mundo, né?
PAULO CESAR: Sim. O meu canal é que fez o maior número de lives da lua em todo o Brasil. Foram mais de 1.300 e as pessoas interagem da África, da Europa, do Japão, América Latina, enfim de todos os lugares. Mas não fazemos lives só da lua. Fazemos dos anéis de saturno e de outros planetas.
A TRIBUNA: Um jovem que se interesse e queira entrar neste mundo da astronomia precisa fazer o quê?
PAULO CESAR: Para ganhar algum dinheiro com astronomia é importante estar filiado a alguma instituição científica, uma universidade, que faça cursos na área ou em física com especialização em astronomia para ter uma boa formação. No meu caso eu fui direto para a astronomia e me formei em Araçatuba e fiz pré-reitoria na Universidade Federal de Santa Catarina. A pessoa pode entrar nessa área que tem campo.
A TRIBUNA: E para comprar um telescópio o investimento é alto? Com quanto dinheiro, a pessoa consegue ter um telescópio para fazer observações?
PAULO CESAR: Telescópios são caros. Um telescópio refratário, que é o mais simples, custa uns R$ 600,00. Já um telescópio newtoniano custa uns R$ 3 mil e por aí vai. Mas com R$ 600,00 ele já consegue observar a lua, os anéis de saturno, as luas de júpiter…
A TRIBUNA: Quando a gente fala em astronomia, as pessoas pensam logo em extra-terrestre e disco voador.
PAULO CESAR: Sim, este é um dos maiores assuntos que surgem quando estou fazendo live ou palestra. As pessoas querem saber se eu já vi um OVNI e eu explico que sim, mas que OVNI não é necessariamente disco voador ou ET. É apenas um objeto voador que não pôde ser identificado, então pode ser até um objeto feito pelo homem. Geralmente o que traz a pessoa para a astronomia é vida em outros planetas e a ufologia, que não é a minha área. Tem gente que estuda isso.
A TRIBUNA: Então, vamos nós também fazer a pergunta de sempre: você já viu um OVNI?
PAULO CESAR: Já. Várias vezes. Tem até registro no nosso canal. Nós temos um sistema de monitoramente de meteoritos, então tudo que passa por esse sistema, que seja meteoro, satélite, avião ou balão meteorológico, a gente tem controle. A partir do momento que passa um objeto estranho com trajetória estranha e em horários estranhos, a gente entende que é um OVNI, mas não sabe se é procedência humana ou não. Pode ser até um satélite espião.
A TRIBUNA: Outro dia, eu estava tentando ver a chuva de meteoros e vi alguma coisa que eu suponho ser um satélite, porque tinha uma trajetória reta e velocidade constante. As pessoas podem confundir com um OVNI, concorda?
PAULO CESAR: Na verdade, você deve ter visto a Estação Espacial Internacional (ISS). O melhor horário para visualizar satélites e a Estação Espacial é das 18 às 20 horas e das 4 às 6 horas, quando os seus espelhos de captação de energia solar refletem a luz do sol. A olho nu é possível ver a Estação Espacial Internacional, a Estação Espacial chinesa, o telescópio Hubble e outros pequenos satélites, mas tem aplicativos que mostram em tempo real a trajetória deles. Um deles é o Above (https://www.heavens-above.com), que informa direitinho os horários.
A TRIBUNA: E como é possível fazer a distinção? O OVNI não tem trajetória reta, por exemplo?
PAULO CESAR: Sim. Geralmente um OVNI não tem uma trajetória reta. Eles fazem movimentos bruscos, desviam, somem de repente. Por exemplo, o que a gente captou e está no nosso canal veio em movimento. Estava passando o Hubble e ele estava do outro lado. Então houve uma explosão perto dele e o objeto continuou andando até sumir totalmente. Ele fez uma curvinha. A gente calculou a explosão em cerca de 500 metros. Fizemos uma pesquisa e não encontramos nenhuma ocorrência de satélite ou partes de foguete. Foi bem interessante e está lá no nosso canal para quem quiser ver.
A TRIBUNA: A nossa região é boa para observação?
PAULO CESAR: Sim, é boa. O que atrapalha muito é a poluição luminosa, então se você quiser ver uma nebulosa ou uma estrela, enfim o céu profundo, o ideal é que vá para um sitio onde tem menos iluminação.
A TRIBUNA: Você acredita em vida fora da terra?
PAULO CESAR: Sim, acredito. Não faria sentido ter vida só na terra. Agora com o telescópio James Webb estamos fotografando planetas com mares e oceanos e o homem está preparando outra viagem à lua, então acho que logo descobriremos vida em outros planetas. Não acredito em ET Bilú, ET de Varginha e nessas coisas. Pra mim, são contos e não são reais.
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