O primeiro semestre de 2021 foi, inegavelmente, o período crítico da pandemia do novo coronavírus. Principalmente no segundo trimestre o número de infectados pelo vírus e de óbitos alcançou o ápice. Porém, o número de atendimentos feitos pela UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Jales fez o caminho inverso neste período.
Entre janeiro e agosto (primeiros oito meses do ano) de 2020 a unidade atendeu 41.165 pessoas. No mesmo período de 2021, foram registradas 35.988 pessoas. Uma redução de 5.177 atendimentos ou 12,5%.
O motivo, segundo o diretor do Consirj (Consórcio Intermunicipal de Saúde de Jales) foi o temor do vírus. “As pessoas que precisavam de algum atendimento clínico se afastaram daqui. Apenas os casos mais urgentes e os de Covid mesmo é que continuaram a vir”, disse José Roberto Pietrobom, o “Brigitão”.
Ele lembrou que no primeiro semestre a vacinação ainda estava na fase inicial com pouca gente imunizada e as notícias sobre óbitos e internações na própria unidade eram constantes. Com isso, as pessoas que não tinham necessidade de atendimento imediato, evitavam comparecer a alguma unidade de saúde. O mesmo aconteceu nos hospitais e postos de saúde.
A afirmação tem total fundamento na avaliação mensal em comparação com a evolução de casos de Covid.
Enquanto no primeiro trimestre de 2020, quando a Covid ainda não causava medo aos brasileiros, o volume de atendimento era considerado normal, em abril daquele ano, quando os casos explodiram, houve uma queda abrupta nos atendimentos. Foram feitos 7.596; 7.642 e 6.472 atendimentos em janeiro, fevereiro e março respectivamente. Em abril esse número despencou para 3.693.
Ainda assim, bem maiores que os registros de 2021. Em janeiro, fevereiro, março e abril deste ano foram feitos 5.384; 4.415; 4.293 e 3.519 atendimentos respectivamente.
Dentre os 16 municípios atendimentos pela UPA 24 Horas, o mais populoso, Jales, é o que naturalmente registra o maior número de atendimentos.
Nada menos que 28.410 ou 78,9% dos 35.988 pacientes atendidos na unidade em 2021 dizem que são moradores de Jales. Na outra ponta, o município que menos enviou pacientes foi Marinópolis, e onde vieram apenas 74, ou 0,2% do total.
Brigitão disse que a situação está praticamente chegando ao normal, com quase 5 mil atendimentos mensais e que até o fim do ano o número deve chegar aos 260 diários.
“Graças a Deus, estamos zerados de internações e pacientes intubados desde o dia 1º de setembro. Às vezes vem alguém com suspeita, mas não fica internado”.
SAMU
O balanço das ocorrências atendidas pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que também é administrado pelo Consirj, registra claramente a evolução da doença no decorrer dos meses. Enquanto os casos iam aumentando, os deslocamentos das unidades móveis cresciam. Alguns casos foram para atender pacientes graves que usavam reforço de oxigênio e buscavam atendimento no Covidário.
A diferença é perceptível principalmente na comparação entre os meses do segundo quadrimestre. Em maio de 2020 o SAMU fez 1.342 atendimentos. Em junho fez 1.038; em julho 1204; em agosto 1.220 e setembro 1.292.
No mesmo período de 2021, com o avanço da vacinação e a queda no número de caso, houve uma redução significativa no trabalho do SAMU. Em maio de 2021 foram 1.437 deslocamentos. Em junho foram 1479; em julho chegou a 1472, caindo para 892 em agosto e 679 em setembro, metade do verificado no mesmo mês do ano anterior.