Um grupo de empresários do setor de transportes e caminhoneiros autônomos realizaram uma manifestação às margens da rodovia Euclides da Cunha (SP-320) na manhã desta sexta-feira, 25 de maio (anteontem). O protesto foi pacífico e tinha como objetivo manifestar apoio à greve nacional dos caminhoneiros que já durava cinco dias. Não houve fechamento do tráfego nem bloqueio da passagem de veículos de carga, como aconteceu em várias partes do país. Faixas com dizeres contra o preço dos combustíveis, especialmente do Diesel, foram exibidas pelos motoristas.
Os caminhões começaram a se aglomerar no local (Km 582) na noite anterior e os organizadores prepararam um café da manhã que foi servido a partir das 7 horas.
Outras manifestações aconteceram da mesma forma em outros pontos da Euclides da Cunha em Votuporanga, Urânia e Santa Fé do Sul; e na Elyezer Montenegro Magalhães, no trevo para Pontalinda, e em Palmeira d’Oeste.
A Polícia Rodoviária não registrou nenhum incidente em decorrência dos protestos, mas disse que as viaturas permaneceram de prontidão e circulando pela região para acompanhar a situação.
ASPAS DOS ORGANIZADORES
O temor do desabastecimento causou uma correria aos postos de combustíveis de Jales, onde filas de veículos se formaram. Na maior delas, na Avenida Paulo Marcondes, havia mais de 30 carros e algumas motos. Muitos motoristas levaram galões para reserva. Houve falta de gasolina em alguns estabelecimentos e de etanol em outros. Não há informações sobre falta de diesel.
A prefeitura espalhou um alerta aos setores que consomem mais combustíveis, como a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Educação, para que evitassem desperdício para garantir o consumo caso a greve perdurasse. “Se tivermos que transportar algum paciente para longe, temos obrigatoriamente que ter combustível para isso. A prefeitura tem que se virar para garantir esse transporte”, disse o secretário de Administração, Chico Melfi.
Um dos organizadores da manifestação, o empresário Everson da Silva Silveira, da Trator Jales, que fica bem em frente ao local do protesto, disse que o país todo apoiou a greve, por isso Jales não poderia se omitir. “Jales não podia ficar de fora porque nós sentimos na pele o aumento dos combustíveis. Tudo sobe e está na hora de dar um basta nessa situação”.
Gilson Leão, da Transportadora Leão, disse que cerca de 70% dos custos das transportadoras são decorrentes do óleo diesel e que poderia cobrar valores mais baixos, caso esse percentual fosse menor. “Estou com dois caminhões parados em outros estados e um parado em Jales para apoiar o pessoal. Essa manifestação precisa do apoio de todos porque toda a população depende do transporte, depende do óleo diesel e da gasolina. E quem paga esse custo é a população”.
Deva, da Renovadora de Pneus São Cristóvão, reforçou que a paralisação é importante para toda a população porque os preços dos combustíveis refletem nos custos de todos os produtos e serviços. “Todos deveriam fazer como nós e aderir a essa paralisação para poder conscientizar que isso pode trazer benefícios para todos indistintamente”.
Juvenil Garcia, da Garcia Transportes, ressaltou que os valores dos tributos chegam a inviabilizar a sobrevivência financeira de algumas empresas de transporte de cargas. “Não tem como. Não tem firma que aguente e tem muita gente quebrando. Temos que dar um basta nessa situação”.
APOIO DE ENTIDADES
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Jales (Acij), Leandro Rocca Lima, declarou total apoio à manifestação e engrossou o coro de reclamações contra a carga tributária que incide nos combustíveis e encarece os produtos, inclusive que são oferecidos no comércio jalesense. “A Acij sempre vai apoiar [manifestações contra a carga tributária] porque se o empresário de transportes gasta tanto em impostos quem perde é o comércio porque automaticamente ele repassa para o consumidor que acaba pagando essa conta. É uma cadeia completa. Se os custos com transportes fossem menores, os preços cobrados nas lojas seriam menores. Esperamos que o governo coloque um preço justo nos combustíveis”.