Uma medida tomada pela Mesa Diretora da Câmara Municipal de Jales está causando bastante alvoroço e grande insatisfação entre os servidores públicos que trabalham na Prefeitura. Graças à ela, os servidores do Poder Legislativo receberão um reajuste na cesta básica (auxílio alimentação) muito maior que o concedido aos servidores da Prefeitura. Com isso, quem trabalha na Prefeitura vai ganhar R$ 245,00 de auxílio, enquanto quem trabalha na Câmara passa a ganhar R$ 290,00. Ou seja, para os subordinados do prefeito, o reajuste da cesta foi de 16,6%, mas para os subordinados do presidente Vagner Selis, o Pintinho, o reajuste da cesta chega a 38%, mais que o dobro dos primeiros.
O reajuste diferenciado consta do Projeto de Lei 53/2018 de autoria da Mesa Diretora que é ocupada por Vagner Selis (presidente) Bismark Jun Iti Kuwakino (vice-presidente), Adalberto Francisco de Oliveira Filho, o Chico Cartorário (1º secretário) e Fábio Kazuto Matsumura (2º secretário). A propositura foi aprovada por unanimidade em primeira votação, mas precisa ser aprovada novamente e ser sancionada pelo prefeito Flávio Prandi Franco.
O presidente da Casa de Leis, Vagner Selis, o Pintinho, diz que a medida é legal e faz justiça aos servidores, já que o reajuste concedido pelo prefeito Flávio Prandi Franco foi bem abaixo da “inflação real”. “Os poderes são independentes e eu tenho autonomia para conceder o reajuste que eu considerar ideal. Além disso, a gente sabe que a inflação que o governo fala não é a real”, justificou.
O presidente em exercício do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Jorge Luis de Souza, disse que conversou com o presidente Pintinho, de quem teria ouvido a mesma argumentação sobre independência e autonomia. Porém, Jorginho, como é conhecido, classificou a medida de imoral e disse que estava consultando os advogados do Sindicato para saber se poderia tomar alguma medida jurídica para impedir o privilégio. Não estava descartado apelar para o princípio da isonomia para estender o índice a todos os servidores do município.
Para ele, a medida pode até ser legal, mas é imoral. “Os vereadores foram eleitos para defender a maioria. Na Câmara tem seis ou oito servidores e na Prefeitura tem mais de 900”.
Jorginho previu um dano político grande para os autores da proposta, Pintinho, Bismark, Chico Cartorário e Kazuto. “Se eles estão pensando em alguma coisa politicamente, eles deveriam ir para o lado da maioria. Eu acho que para eles vai ser muito ruim. Se estão pensando em reeleição, os servidores da Prefeitura, que são a maioria, não vão esquecer isso aqui, não”.