Sábado, Maio 18, 2024

Relato de experiência de uma jovem senadora

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O convite para participar do projeto “Jovem Senador” partiu do meu professor de história, Silvio Luiz Lofego, da EE Carlos de Arnaldo Silva, há cerca de 3 meses atrás. Na ocasião, foi solicitado para nós, alunos do ensino médio, uma redação dissertando sobre “Participação política no Parlamento, nas ruas e nas mídias sociais”. 

Confesso que em princípio, por causa do tema, pensei em não participar. Afinal, política nunca foi um assunto pelo qual me interessava, ao contrário, sempre fui cética, preconceituosa e, apesar de ano que vem já ter direito ao voto, até então nunca tinha feito questão de obter maiores informações a respeito do assunto. 

No entanto, devido à insistência e aos argumentos do meu professor, topei o desafio. Assim, embasada nas leituras e pesquisas, muito bem assessorada e orientada por ele e apoiada por todos da escola, redigi o texto para inscrevê-lo no Projeto do Senado Federal. 

Passadas algumas semanas, a minha mãe me perguntou se já havia saído o resultado. Respondi que não, mas provavelmente a minha redação não seria escolhida. Eu nem pensava mais nisso quando, assistindo a um Sarau Literário na Escola, o meu celular tocou mostrando um número e código de área desconhecidos. Pensei: ‘É bandido’! E ignorei a chamada.

Ao chegar em casa, naquele mesmo dia, a surpresa veio através do telefone fixo, que fui obrigada a atender pela insistência da ligação. Do outro lado da linha uma mulher, identificando-se como Rose, comunicou-me que eu havia ganhado a nível Estadual o Concurso de redação do Jovem Senador 2015; deveria, então, com urgência confirmar o recebimento dos e-mails e providenciar os documentos necessários para viajar a Brasília/DF como a representante do meu Estado.

Pasmei! Pensei novamente que era um trote, daqueles de presídio. Rose disse que não e me tranquilizou confirmando outros detalhes. Inclusive ela me disse que sempre ligavam primeiramente para o aluno e não para a escola ou professor. Daí para frente eu não sabia se gritava, se pulava, se chorava…. Quis ligar para todo o mundo, mas não consegui sequer ligar para a minha mãe! Foi emocionante!

As semanas que se sucederam foi uma correria atrás de providenciar toda documentação necessária, preparar proposta de lei, organizar a mala, rever instruções e orientações, sem contar a preparação do meu estado físico e psicológico que passariam por situações nunca antes vivenciadas.

Com o intuito de que eu conhecesse um ‘ambiente político’, o meu pai me levou a uma sessão da Câmara Municipal, onde fui muito bem tratada e surpreendida com uma Moção de Aplausos. Lá fiquei sabendo de assuntos e problemas da minha cidade que eu nem imaginava que existiam. Também vários jornais deram destaque à minha vitória. 

Tais atos, destacando a importância e relevância do meu feito, fizeram com que eu começasse a entender o tamanho da minha responsabilidade. Imagino que, tal qual a responsabilidade de um político quando eleito para representar o povo, eu teria em poucos dias que representar os jovens do meu Estado, experimentando e vivenciando as várias situações políticas do Senado para posteriormente, como agente multiplicadora, voltar e compartilhar com eles. 

Com esta mudança de visão e com a data da viagem se aproximando, veio o medo e a insegurança, coisas que acredito que todo jovem deve sentir e pensar numa situação destas. Questionamentos invadiam a minha mente: Será que estou pronta? Serei uma boa representante? Conseguirei falar, interagir, defender? Quanto eu retornar, conseguirei ‘transmitir a mensagem’ aos que ficaram?

A minha família, os meus professores, o diretor da minha escola, amigos, parentes foram muito importantes e me ajudaram a transpor esta fase. Sem a injeção de ânimo, confiança e motivaçãodeles, talvez eu não tivesse conseguido!

E assim, por uma semana intensa (De 16 a 21 de Novembro de 2015), eu, Lana Lima Oliveira, aos 15 anos de idade, fui Jovem Senadora do Estado de São Paulo. 

Conhecimento único nestes meus singelos 15 anos de vida

Afirmo que, após todas estas experiências, é impossível não ser patriota:  Brasília, a Capital do Brasil; a Constituição Brasileira original; os três poderes; as Forças Armadas; as pessoas públicas; os movimentos e reivindicações públicas; a diversidade de todos os Estados representada por cada um dos meus colegas jovens senadores; a orquestra da Guarda Nacional tocando o Hino da Bandeira todos os dias às 6 da manhã…

De volta à minha realidade, refletindo não mais sobre o meu papel de Jovem Senadora, mas sim sobre o de Jovem Multiplicadora,num primeiro momento, meu objetivo é valer-me desta experiência como parâmetro de transformação na minha vida enquanto cidadã. Posteriormente, na minha escola, bairro ou cidade pretendo contribuir com a implementação de ações que visem à conscientização de outros jovens em relação ao sistema político do nosso país, estado, município, de forma a descontruir paradigmas e desmotivar atitudes do senso comum que propagam chavões como política não se discute, político é tudo igual, político é tudo bandido, o Brasil não tem mais jeito. 

Política se discute sim! Político não é tudo igual! Não devemos generalizar, pois tem muita gente honesta lutando por nós “lá em cima”! E sim, passei a ACREDITAR que o Brasil tem jeito, depois de conhecer o tamanho das dificuldades que os jovens, tanto do meu Estado quanto dos demais passam para viver e estudar, e ainda assim acreditam, lutam e reivindicam.O Brasil é um país lindo e jovem, que só precisa da força de cada um dos seus, principalmente no momento político atual,agindo de forma participativa e conscientementepara que a justiça e a democracia prevaleçam.

Sinceros agradecimentos, primeiramente a Deus que me dotou de capacidade; ao professor Sílvio Luiz Lofego por me orientar e acompanhar na jornada, pois sem ele esta experiência não teria sido possível; a Luiz Especiato, diretor da minha escola  e aos demais professores pela força sempre; à Diretoria de Ensino de Jales pelo apoio; à minha família (Elizabeth, José Carlos, Karin, avós, tios, primos…) por acreditar, motivar e confiar; aos meus amigos da escola, do Taikô e aos que conheci em Brasília pela afeição e incentivo; ao Senado Federal pela iniciativa de permitir ao jovem conhecer e participar ativamente das suas atividades; aos organizadores do projeto; aos vereadores de Jales pelo reconhecimento; à imprensa de Jales pelo incentivo e divulgação e a todos os que direta ou indiretamente torceram por mim e contribuíram para tornar esta experiência possível.

 

Lana Lima Oliveira

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