Apesar de ter mais de 600 associados, a ACIJ (Associação Comercial e Industrial de Jales) só conseguiu atrair 25 associados para votar na única chapa que participava das eleições para a sua diretoria. A informação foi confirmada pelo Departamento de Comunicação e Marketing da entidade. O número representa cerca de 4% dos mais de 600 associados da entidade. A eleição aconteceu entre 9h30 às 16 horas durante Assembleia Geral Ordinária de terça-feira, 15 de fevereiro. O número de votantes é pouco maior que o de integrantes da única chapa inscrita, que tinha 22 nomes, incluindo os sete assessores de relações públicas e os três conselheiros fiscais e seus suplentes.
Apesar de bastante questionável, o baixo número de votantes não fere o Estatuto da entidade nem o edital de convocação para a Assembleia, que afirmava que a reunião seria iniciada com 10% do total de associados, mas poderia ocorrer com qualquer número de associados. A regra consta do Estatuto da entidade, promulgado em 13 de dezembro do ano passado, ou seja, dois meses antes da eleição.
Um ex-dirigente da entidade, ouvido na condição de anonimato, disse que a participação de associados poderia ser muito maior se a divulgação das assembleias nas quais acontece a eleição da diretoria fosse também maior. “Não se divulga a abertura de inscrições de chapas em lugar nenhum, então ninguém fica sabendo. Como alguém vai se inscrever? Além de ser uma baita batata quente. E olha que eles têm um departamento de marketing”.
Perguntado se a baixa participação afetaria a legitimidade da diretoria eleita, o ex-dirigente foi taxativo. “Lógico! Quantas empresas tem em Jales? Quantos associados a associação tem? Como pode uma diretoria eleita por 25 pessoas representar essa massa de empresas? Não sei o que acontece, não sei se eles não querem que muita gente participe, que tenha muita concorrência…”.
SILÊNCIO
A reportagem voltou a procurar o Departamento de Marketing e Comunicação da ACIJ para falar a respeito da baixa presença de associações. Enviamos três perguntas: O número de votantes na assembleia que elegeu a nova diretoria da ACIJ (25) não é muito pequeno para o universo total de mais de 600 associados? Uma diretoria eleita com menos de 5% dos seus representados não tem a sua legitimidade reduzida? A ACIJ pretende fazer alguma ação para atrair mais associados para as suas assembleias, especialmente as que elegem seus dirigentes? Por exemplo: aumentar a divulgação prévia das assembleias?
O assessor de comunicação, Eduardo Monteiro, disse que a Ata da assembleia é documento interno da entidade e não é publicado em lugar algum. Ele preferiu não responder e pediu que procurássemos o assessor jurídico, Carlos Alberto Expedito de Brito Neto.
“A sua pergunta 2 coloca em cheque a legitimidade da Associação Comercial. Entendo que é isso que você está questionando. Com base nisso, peço que você entre em contato com o assessor jurídico da ACIJ, que está apto a responder por todo o processo eleitoral deste ano, pois o presidente atual integra uma das chapas que pleiteava inscrição. Logo, o assessor jurídico responderá a todas as suas perguntas e falar sobre a legitimidade da entidade, que trabalha há quase 60 anos em prol da comunidade jalesense”.
Demonstrando irritação, Monteiro minimizou o fato de não ter se empenhado na divulgação da realização da eleição, como costuma fazer em outros assuntos, e disse que o edital da Assembleia Geral Ordinária também foi publicado no jornal A Tribuna. “O jornal A Tribuna também poderia fazer uma matéria sobre a eleição, mas não a fez, e nem sequer compareceu para votação. Por isso, reforço que entre em contato com nosso assessor jurídico. Nossa conversa sobre esse assunto se encerra aqui”, escapou, sem responder.
Como ele sugeriu, enviamos as perguntas para o assessor jurídico pelo WhatsApp e por e-mail. Também tentamos contato telefônico por várias vezes, mas possivelmente alertado sobre o assunto, não atendeu as ligações nem respondeu as mensagens. Também enviamos para a diretora executiva, Maria Ozório (para que reforçasse o pedido ao jurídico).
RENOVAÇÃO
A observação do lojista faz sentido. Normalmente, as ações da ACIJ são amplamente divulgadas através do noticiário distribuído pelo Departamento de Comunicação e Marketing aos órgãos de imprensa e no site da entidade. O mesmo ocorreu com o resultado da eleição, que foi divulgado no dia 17 de fevereiro, e várias ações externas, como o protocolo de um projeto de iniciativa popular na Câmara Municipal, também publicado no site no mesmo dia. A única exceção é a realização das eleições, que foi publicada apenas em um discreto edital de jornal impresso. Nenhuma linha no site ou texto distribuído à imprensa convocando para a eleição. Na opinião do comerciante, ´ideal seria dar ampla publicidade à abertura de inscrições de chapas para que mais empresários pudessem concorrer.
Uma consequência direta da precária divulgação das eleições é a falta de renovação da diretoria. É comum os mesmos nomes se alternarem nos cargos da diretoria. A chapa eleita no dia 15 tem, pelo menos, oito integrantes da antiga diretoria que encerra o mandato. Exemplo é o presidente Leandro Rocca Lima, que depois de se eleger em 2018 e se reeleger em 2020, voltou a se candidatar e foi eleito como vice-presidente, já que o Estatuto não permite duas reeleições. Caso queria se recandidatar em 2024, Leandro poderá somar dois mandatos como presidente e dois como vice, permanecendo no topo da diretoria da entidade por, pelo menos, oito anos. Quatro como presidente e quatro como vice, sendo que para vice não há limite de mandatos consecutivos.
E quando tomar posse, no dia 1º de março, será a terceira vez que a presidente Elaine Borges Bernardes participa de uma chapa eleita de Diretoria da ACIJ. Na gestão 2018/2020, ela ocupou a função de Titular do Conselho Fiscal. Já no biênio seguinte, 2020/2022, foi a 1ª Secretária. Agora, preside a chapa que vai comandar a entidade pelos próximos dois anos, 2022/2024.
