O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) acaba de liberar o registro final da Miltefosina, substância para tratamento da leishmaniose visceral canina. O produto é vendido na Europa com o nome comercial de Milteforan e será vendido no Brasil a partir de janeiro. Na internet já é possível encontrar o medicamento, mas o preço ainda é inviável para a grande maioria dos criadores. O frasco de 90ml que dura aproximadamente 30 dias custa em torno de R$ 2 mil.
A ativista do tratamento da leishmaniose visceral canina e presidente da Comissão dos Animais, da OAB Jales, Maria Virginia de Barros Correia Vieri, conhecida como Vivi, disse que o registro é uma vitória importante para o fim da eutanásia de animais doentes. “O preço ainda é caro porque o medicamento é importado, mas vai baratear. Isso abre caminho para outros vários pedidos de registros. Apenas o Brasil ainda mantém essa regra de impedir o tratamento e todos sabemos que o problema não é o cão. É o mosquito”.
Especialistas afirmam que o registro de uma medicação de uso exclusivamente veterinário, com eficácia clínica, laboratorial e, sobretudo que bloqueia a transmissão representa um marco importante.
A portaria Interministerial que proíbe o tratamento da Leishmaniose Visceral em cães com drogas de uso humano ou outras drogas não registradas no MAPA continua em vigência.
A página eletrônica do BRASILEISH – Grupo de estudos em Leishmaniose Animal, explica que o produto será vendido como medicamento controlado e, para comprá-lo, toda a cadeia de comercialização do produto deverá estar devidamente regularizada no Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários (SIPEAGRO), do Ministério da Agricultura. Esta obrigatoriedade não atinge o proprietário dos animais em tratamento, que serão cadastrados em um sistema web, com aplicativos para smartphones, para que se possa controlar o uso do medicamento.
Depois do anúncio do registro, no mês passado, algumas cidades do Noroeste Paulista, como Fernandópolis, liberaram o tratamento para cães com leishmaniose. Antes os animais doentes vinham sendo sacrificados e agora poderão ser tratados. Em Jales não há informações sobre mudança de procedimentos.