Quarta-feira, Janeiro 22, 2025

Jales Clube revoga doação de terreno e cancela projeto de hospital

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A doação de um terreno do Jales Clube, avaliado em R$ 35 milhões, para instalação de um centro de tratamento de doenças raras, foi feita no dia 29 de junho de 2021. Deputada prometeu verba, mas dinheiro nunca chegou

Sem o mesmo alarde dos tempos da campanha eleitoral, a doação de uma área de aproximadamente 55.000 mil m² para a construção de um hospital para tratamento de doenças raras através da Casa Hunter, no Jales Clube, foi revertida em cartório e o projeto foi totalmente abortado. O jornal confirmou a informação com fonte ligada ao partido da deputada federal Carla Zambelli, madrinha do projeto. “Não existe esta verba. Não existe, nunca existiu e nunca existirá”, disse. Não conseguimos contato com o presidente do clube para apurar as razões do cancelamento que aconteceu em data próxima à transferência do prefeito Luís Henrique Moreira para a legenda, em meados de julho.

A doação de um terreno do Jales Clube, avaliado em R$ 35 milhões, foi feita pelo Jales Clube no dia 29 de junho de 2021. Na área seria instalado um centro de tratamento de doenças raras, através da Casa Hunter. A doação foi formalizada com as assinaturas do presidente vitalício do Jales Clube, Clóvis Pereira, e do presidente da Casa Hunter, Antoine Souheil Daher.

A construção seria viabilizada por emendas parlamentares da deputada Carla Zambelli, que viu no projeto uma possibilidade de se promover politicamente. Em março de 2021, a deputada visitou o Jales Clube e prometeu R$ 3,7 milhões para a instalação da unidade da Casa Hunter.

Em 22 de julho de 2022 (poucas semanas antes da eleição), durante outra visita ao Jales Clube, onde foi recebida por diretores da agremiação, sócios-fundadores, correligionários e a imprensa convidada, Zambelli anunciou que o lançamento da pedra fundamental para o início das obras seria feito entre os dias 25 e 27 de agosto, com a presença do presidente da Casa Hunter, Antoine Daher. Nunca aconteceu.

Na ocasião, Zambelli discursou durante 48 minutos e explicou que o dinheiro prometido por ela para a instalação da Casa Hunter em Jales não tinha saído por questões burocráticas, mas ainda assim, prometeu que, se eleita, destinaria mais R$ 4 milhões para o projeto, aumentando a quantia a cada ano.

A deputada confirmou que destinou R$ 3,7 milhões para a Casa Hunter construir o hospital em Jales, mas não tinha conseguido, até aquele momento, que o dinheiro chegasse até o hospital. “Infelizmente, não conseguimos que acontecesse na velocidade que a gente queria. Mas vamos trabalhar para acontecer”, disse.

A fala da deputada, que estava acompanhada do seu irmão, Bruno (candidato a deputado estadual) está disponível em seu canal do YouTube. O discurso foi transmitido ao vivo pela plataforma.

Logo no começo da fala, ela explicou que conheceu o presidente do Jales Clube em 2019, quando ele ainda buscava uma destinação para o clube que está de portas fechadas há vários anos. A deputada confirmou que houve uma tentativa de instalação de uma faculdade, que não vingou porque, segundo ela, o Ministério da Educação não sabia como proceder para aceitar a doação do terreno, uma vez que o mais comum era passar para a iniciativa privada e não o contrário. E prometeu aumentar a verba, se fosse eleita.

“No ano que vem, a gente sendo eleita, eu anuncio aqui em primeira mão, o envio de R$ 4 milhões de emenda para a construção do hospital aqui em Jales. E vamos trabalhar para trazer mais. A cada ano do meu mandato, eu vou mandar uma quantidade para fazer mais”, prometeu.

Apesar do não cumprimento das promessas vazias, Carla Zambelli foi a candidata a deputado federal mais votada em Jales no dia 2 de outubro de 2022 com 4.184 votos (16,73%), o dobro dos votos do segundo colocado, Fausto Pinato (PROGRESSISTAS) que teve 2027 votos (8,11%). Um crescimento significativo, já que na eleição anterior, Zambelli teve apenas 80 votos.

Seu irmão, Bruno Zambelli foi o terceiro mais votado com 2400 votos (9,66%), batendo medalhões como Carlão Pignatari e Paulo Fiorillo. Não se tem notícia de que Carla ou Bruno tenham voltado a Jales depois disso.

O QUE É CASA HUNTER

Procuramos a Casa Hunter e aguardamos um posicionamento da entidade, mas até impressão desta matéria, não obtivemos resposta. Fundada em 26 de novembro de 2013, a Casa Hunter é uma instituição séria, e se apresenta como sem fins lucrativos e sem filiação política ou religiosa, com intuito de garantir soluções públicas e sensibilidade do setor privado e sociedade em geral, para os pacientes com doenças raras, com a união de esforços de seus familiares, amigos, profissionais de saúde e especialistas, além de todos os interessados pela causa.

É composta por profissionais de saúde especializados em estudos genéticos, pesquisadores, farmacêuticos, empresários preocupados com o bem-estar da sociedade e por idealistas e atuantes em direitos humanos, que sentiram a necessidade de partilhar suas experiências e trabalhar em busca da melhor qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares.

Atualmente há mais de 13 milhões de pessoas com Doenças Raras no Brasil, equivalente a toda população da cidade de São Paulo, duas vezes a população da cidade do Rio de Janeiro, quatro vezes a população do município de Porto Alegre, 9 vezes a população do município de Salvador e mais de 20 vezes a população do município de Cuiabá.

HISTÓRIA

A Casa Hunter nasceu da experiência de vida de um libanês (Antoine, conhecido como Toni) que se casou com uma brasileira, Fernanda, montou uma loja de confecção de roupas no Brás, São Paulo, e tiveram um filho, Antony, que tem Mucopolissacaridose tipo II, também conhecida como a Síndrome de Hunter. Essa doença de origem genética afeta inúmeros órgãos do corpo humano e, como a maioria das doenças raras, se detectada tardiamente pode provocar sequelas e, inclusive, levar à morte.

Toni então viajou o mundo em busca de tratamento para seu filho, e trouxe ao Brasil o tratamento para muitas outras doenças raras e para muitos outros pacientes, como é o caso de pesquisas para doença de Fabry, Mucopolissacaridose Tipo I, Tipo IV, Tipo VII. Atualmente possui um centro de pesquisa para doenças raras em Porto Alegre, onde são feitas pesquisas para muitas outras doenças, e com alta tecnologia.

*Com informações do Blog do Cardosinho

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